Um irmão é maltratado e vocês olham para o outro lado?
Grita de dor o ferido e vocês ficam calados?
A violência faz a ronda e escolhe a vítima,
e vocês dizem: “A mim ela está poupando, vamos fingir que não estamos olhando”.
Mas que cidade?
Que espécie de gente é essa?
Quando campeia em uma cidade a injustiça,
é necessário que alguem se levante.
Não havendo quem se levante,
é preferível que em um grande incêndio,
toda cidade desapareça,
antes que a noite desça.
de Bertolt Brecht
“Coincidência”: hoje eu estava na janela vendo o protesto dos estudantes e jovens contra o aumento da tarifa do transporte público aqui em Florianópolis. Debaixo de chuva. Pensei comigo: “tem que prostestar mesmo, porque hoje já não se vê muito desse tipo de engajamento juvenil”. Mas este tipo de pensamento me incomoda e pensei mais: “pronto. agora sento e continuo a minha vida… ” e ainda mais “muitos fazem isso”. Apóiam, criticam, dão suas opiniões, teorias, filosofam e até vivem de pensar sobre isso. Mas nada fazem. E eu não me excluo. Sentei e, coincidentemente, li este poema logo após sair da janela. Um aviso? Um estalo de madeira no meio da madrugada?