10:21Fruet, a corrupção e a “vala comum”

Entrevista do deputado federal Gustavo Fruet ao repórter Diego Salmem publicada no Terra Magazine:

Deputado teme que frente caia em “vala comum”

Os deputados Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Fernando Gabeira (PV-RJ) lideram o movimento pela criação da Frente Parlamentar Anticorrupção, que deve ser lançada no Congresso na próxima terça-feira, 3. Em entrevista a Terra Magazine, Fruet diz que o objetivo é aproveitar as denúncias do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) para mobilizar a sociedade contra o problema. Ele, no entanto, teme haver uma desqualificação do movimento:
– Será uma pena se, com o tempo, novamente cair tudo na vala comum.Há mais de 40 anos no PMDB, o senador Jarbas Vasconcelos denunciou, sem citar nomes, a corrupção na cúpula de seu partido em entrevista na edição de 18 de fevereiro da revista Veja. – O risco é a desqualificação. A crítica sempre vai existir, e eu posso dizer que, num processo desses, não se pode ter ingenuidade – observa Fruet. Confira a entrevista:

Terra Magazine – Qual o objetivo do lançamento da Frente?
Gustavo Fruet – É não deixar esfriar as declarações do senador Jarbas Vasconcelos. Ele está convidando outros deputados, dentre eles o Gabeira, para estabelecer uma agenda. A idéia é fazer essa mobilização.
Apesar de incisivas, as declarações do senador Jarbas não são vagas? Elas não citam nomes…
Não. Tem uma outra questão aí: de tempos em tempos, surge uma denúncia, um fato, uma disputa interna ou uma entrevista como essa que gera uma reação. O ponto central é que se banaliza de tal forma certas práticas que isso anestesia e gera uma acomodação. E essa entrevista teve a capacidade de mobilizar. O que ela mostra, no fundo? Uma inversão nas relações entre governo e Congresso. De certa forma, apesar de tudo o que aconteceu com o Mensalão, essa entrevista do Jarbas mostra que não é uma relação institucional. Coincidência ou não, foi o que acabou gerando essa mobilização contra a reforma nos fundos de pensão de Furnas.

O que a frente pode fazer, na prática?
Uma denúncia gera efeitos que, por vezes, não estavam programados. A eleição do corregedor da Câmara gerou a renúncia dele e a divulgação de notas com CNPJ para tornar públicos os gastos parlamentares a partir de abril. Não teríamos conseguido isso se não houvesse a eleição do Edemar Moreira (DEM-MG). A denúncia do Jarbas gerou uma discussão também sobre os fundos de pensão que, objetivamente, coincidiu com a manifestação de ontem em Furnas. Então, este fato tem o poder de gerar uma denúncia que não havia.

Que critério será estabelecido para aceitar parlamentares na frente?
Isso nem foi discutido ainda. Eu tive o primeiro contato com o senador Jarbas na semana passada, e devemos retomar após o Carnaval. Mas esse debate é inevitável. Sempre haverá isso: pontos positivos e negativos. Mas o pior que pode acontecer é o silêncio. Ninguém está acima do bem e do mal, ninguém tem o monopólio da verdade. Se ocorrer essa discussão (de critérios), é necessário que se esclareça. O fato é que fica um jogo de empate, ninguém se mexe e aí não há alternativas. Isso é o que me preocupa.

Serão aceitos membros da base governista?
O movimento não tem um caráter formal. Não tem o objetivo de propor um critério de entrada, não é isso. O objetivo é não deixar que o assunto se esvazie ou perca força com a desqualificação. E que seja o mais abrangente possível, sem dúvida.

A corrupção é, per si, algo condenável; até por conta dessa abrangência, a criação de uma frente dessas a essa altura não pode ser considerada oportunismo político?
O risco é a desqualificação. A crítica sempre vai existir, e eu posso dizer que, num processo desses, não se pode ter ingenuidade. Não é isso (o movimento) que vai resolver o problema da corrupção, que não é algo exclusivo do Brasil. É o tempo que vai responder. Será uma pena se, com o tempo, novamente cair tudo na vala comum. Em qualquer momento, quem está na vida política tem duas opções: a ação ou a omissão. Mas é o tempo que vai julgar.

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5 ideias sobre “Fruet, a corrupção e a “vala comum”

  1. SFU

    O problema, meu caro Fruet, é que o movimento não sofra um resfriamento em razão de contra-ataques. Alguns aríetes já moram ativados pelo grupo da corrupção, a fim de desencavar denúncias, quentes ou frias, novas ou antigas, contra Jarbas e, com isso assustá-lo e fazê-lo esmorecer no seu movimento. Este é um aviso sutil, também, aos demais que venham a se movimentar em favor da moralidade e da ética públicas. Portanto, mesmo que, eventualmente, haja algo escondido na vida de parlamentares que resolvam enfrentar a lama já existente na vida pública, penso merecer o sacrifício de eventuais denúncias contra si, em favor da reversão do estado de coisas que vige no cenário nacional. Assim, a Frente dos bons deve seguir adiante, caracterizando um momento que pode ser entendido como de última instância, em favor das futuras gerações.

  2. LINEU TOMASS

    CARO GUSTAAVO.

    Hoje a corrupção é endêmica, e está em todos os partidos inclusive no PSDB , até na Prefeitura de Curitiba.

    O Jarbas, perde um pouco o brilho nesta grita, em que ele tem razão, devido ao fato de que ele demorou muito anos em convivência com a corrupção dentro do PMDB.

    Acredio num movimeno pela ética e pela moralidade nos partidos políticos, porém só se formarem um novo partido, onde a ética seja sua meta principal.

    LINEU TOMASS.

  3. Edson Feltrin

    Nosso País não pode viver a mercê de ladrões. Nosso País é um dos maiores do mundo em extensão territorial, em popoulação; além de, ser um dos maiores PIB do mundo, hoje girando entre as 10 maiores econômias do planeta. Não é possívlel que, políticos que deveriam honrar seus mandatos, vivem atolados na mais VIL corrupção. Políticos que enriquecem com o dinheiro do povo e, esquecem de exercerem seus mandatos com um mínimo de dignidade. O Jarbas Vasconcelos demonstrou , acima de tudo, responsabilidade, amor a Pátria, idealismo, coragem e, desnudou essa bandalheira de Brasília, de políticos corruptos, das mais variadas cores partidárias que, infelizmente, sabemos, é endêmica, ou seja, está instalada em todos as instâncias da administração pública. Timidamente, o Congresso nacional começa a se movimentar para tentar levar adiante a apuração de casos concretos e, à frente nos deparamos com Fernando Gabeira e Gustavo Fruet, parlamentares de grande credibilidade no Congresso Nacional.Esperamos que, esse movimento ganhe corpo não só no Congresso, mas em todas as “casas” legislativas do País; ganhe corpo na sociedade civil, na mídia e, se transforme num grande movimento de massa. Pois, essa é a receita para, definitivamente darmos um basta aos ladrões do dinheiro público. Aqui em Curitiba vivemos as voltas com denúncias e mais denúncias de corrupção e, só para enfatizar reproduzo reportagem do jornal “o estado do paraná” de ontem, coluna de Fábio Campana que diz: ” FACADA- O custo por vereador em Curitiba é o mais alto do Brasil. A previsão de gastos da Cãmara de Curitiba em 2009 é de $ 84 milhões, aumento de mais de 100% em relação ao orçamento da Casa há seis anos, quando foram gastos quase 40 milhões. Daí foi só dividir os gastos pelo número de parlamentares para concluir que o custo de cada vereador de Curitiba é de 2,2 milhões/ano.” Além dessa matéria do Fábio Campana, a gazeta do povo de ontem, também trás grande reportagem sobre gastos desnecessários e, falta de transparência nos legislativos municipais, inclusive Curitiba. Quando da 7° eleição do vereador DEROSSO para a presidência da Câmara, como secretário do PSDB municipal e, também, como presidente da FEMOTIBA, me posicionei contra , por várias razões e, na ocasião falava da “caixa preta” que deveria vir a tona, para que, Curitiba tomasse conhecimento o que, de fato, levava o vereador DEROSSO insistir tanto em não sair da presidência da Câmara. Qual minha surpresa, ontem , na reportagem da “gazeta do povo”, falou-se também na tal “caixa preta”. Na ocasião, pedi também , o afastamento de Derosso da presidencia do PSDB municipal, pois achava que o vereador não reunia mais condições de presidir o Partido, tamanho o desgaste que sofrera, perante a opinião pública.Sofri pesadas represálias, mas hoje, tenho a consciência limpa que, agi buscando o melhor para Curitiba e para o próprio PSDB e, hoje, sinto que os fatos me dão razão.Assisto com tristeza escândalos e mais escândalos, não só no Legislativo, mas, e, principalmente no executivo municipal.

  4. René Amaral Junior

    Engraçado é que o Fruet pertence ao P$DB, partido da bocada (em oposição ao partido da boquinha, o PT).
    Será que ele não se incomoda com a companhia de nomes como: Serra, Cássio Cunha, FêAgáCê, Eduardo Azeredo e outros que, se nunca foram condenados, pelo menos tem a credibilidade altamente arranhada por atos que notadamente prejudicaram o país e o povo: a compra da emenda da reeleição do FêAgáCê que deu início ao mensalão, a venda (doação?) da Vale, a privatização das Teles e Elétricas (que nos colocaram na mão de interesses que nada tem de públicos), ambulâncias superfaturadas e outros escândcalos envolvendo seus correligionários e aliados.
    Fica a dúvida se o Fruet e o Gabeira não querem só se livrar dos corruptos dos outros partidos, deixando os corruptos de seus partidos livres para continuar a locupletar-se e mandar na podridão de Brasília.

  5. Osvaldo Bertolino

    Essa gente não desiste de suas fantasias udenistas.

    Fruet é aliado de Álvaro Dias, um senador famoso por suas manobras mal explicadas.

    E pertence a um partido comprovadamente de maus hábitos.

    É só dar uma passada pela “era FHC” para ver o pau-de-galinheiro que foi o modo tucano de governar.

    Ele se apega, sintomaticamente, ao “mensalão” — uma farsa de dimensões gigantescas tramada pelos tucanos e seus aliados com a mídia.

    Se apega porque sabe que isso é ibope na certa.

    Já Gabeira…

    O que dizer de Gabeira?

    Ele é mais perigoso, porque a sua máscara é mais consistente.

    Veio do PT, está no PV, foi da luta armada…

    Mas o Gabeira sem máscara é o que apareceu em uma capa da revista Veja de 2006 como ”paladino da ética e da lucidez na política brasileira”.

    Ser eleito pela Veja como “paladino da ética” desmoraliza qualquer vivente.

    A própria revista lembra que ele votou com a direita na privatização da telefonia e na quebra do monopólio estatal da Petrobras.

    ”Gabeira representa a face mais avançada da esquerda mundial, que não nega a modernidade, não rejeita o mercado nem a globalização e ao mesmo tempo defende as minorias. Ele não ficou embolorado naquela esquerda ultrapassada, albanesa”, disse à ”reportagem” a ”cientista política” Lúcia Hippolito — aquela tagarela especialista em dizer coisas que têm a consistência de uma bolha de sabão e que ”comenta” política em ”dose dupla” na rádio CBN.

    Purgantes mentais como esse são repetidos à exaustão na matéria da Veja.

    Para quem não se lembra, o histrionismo de Gabeira, caracterizado pelo seu comportamento colorido e dramático, com notável tendência em buscar contínua atenção, foi usado pela direita para substituir o desgastado Roberto Jefferson no circo do ”mensalão”.

    Com o clima de fim de festa instalado nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) criadas para atacar o governo Lula, os conservadores puseram o travesso Gabeira para de vez em quando gritar: ”Lobo, lobo!”

    Assim, eles mantinham a ”grande imprensa” — essa anomalia do processo civilizatório — mobilizada para combater qualquer indício de flagrante nas mal escondidas intenções contra Lula.

    Saiu de cena Jefferson e suas dinamites e entrou Gabeira e seus traques.

    “Paladinos” da ética como Gabeira em verdade fomentam a desordem por meio de invenções de fórmulas para burlar a lei e a ética — como nos processos de cassações de deputados progressistas.

    Manobras como essa são, a cada etapa, mais difícil e exige, para triunfar, falsidades cada vez mais profundas.

    Elas negam o valor do voto de milhões de brasileiros e, por isso, são as mais torpes formas de corrupção.

    As teses gabeirianas mais divertem do que irritam.

    Um exemplo disso foi a citação da “socialite” Danuza Leão, em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo de 1º de abril de 2006, de que precisava que alguém lhe esclarecesse, “alguém em quem eu acredite, alguém que seja correto, honesto, que não tenha mudado com o tempo”, sobre os motivos que levaram Franklin Martins — que foi companheiro de Gabeira na luta armada — a aceitar o convite para integrar o governo.

    “E a única pessoa que gostaria que me falasse sobre isso, e na qual eu acreditaria, chama-se Fernando Gabeira. Eles foram companheiros, Gabeira deve entender. Diga alguma coisa a respeito, Gabeira; diga tudo que você acha, Gabeira, porque estou precisando de sua opinião. Aliás, só da sua”, escreveu ela.

    Gabeira e outros que atacam o governo Lula pela ”esquerda” são bonecos de ventríloquos de gente que usa esfarrapados disfarces em defesa da ”pureza” na política.

    Há muitos e muitos anos, os conservadores rasgaram as bandeiras nacional e democrática e formaram um sindicato de conspiradores.

    E usam gente sem princípios como Gabeira para segurar suas bandeiras esfarrapadas da “ética” para ludibriar os incautos.

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