15:58Bebê no estúdio e o craque Osternack

por JamurJr.

Colmar Rocha Braga foi um dos melhores e mais bem humorados narradores de futebol do nosso rádio. Voz bonita e uma incrível capacidade de improvisar foram suas principais características. Quando deixou as transmissões esportivas, se dedicou à locução comercial, tarefa que cumpriu com a mesma eficiência graças ao bom padrão de voz e notável capacidade de interpretar textos publicitários. Trabalhar ao lado de Rocha Braga era gratificante, não só pelo excelente desempenho do profissional, mas, sobretudo pela alegria e bom humor que transmitia no ambiente de trabalho. Braga se esmerava tanto na atuação como locutor quanto nas tentativas de fazer graças, que acabavam em grandes gargalhadas diante do microfone. No período em que atuou como locutor comercial (chamavam “locutor de cabine”) na TV Paranaense, nos idos de 1961, conseguiu o quase impossível numa de suas tentativas de provocar risos.  Os programas eram ao vivo e, naquela noite, os apresentadores Jamur Junior e Alcides Vasconcelos apresentavam o jornal “O Estado do Paraná na TV”. Era uma noite de verão e estavam no estúdio, além dos apresentadores, o locutor Rocha Braga e o diretor de TV Arnaldo Artilheiro. Este, um cidadão de quase dois metros de altura que, ao lado Braga, com pouco mais de metro e sessenta, parecia um gigante. O jornal estava quase na metade. Arnaldo Artilheiro foi convencido por Braga a entrar numa brincadeira com objetivo de fazer rir o apresentador Alcides Vasconcelos. Ele nunca ria ao microfone. Rocha Braga improvisou uma fralda, touca de bebê e colocou uma chupeta na boca. No colo do gigante Arnaldo Artilheiro, entrou no estúdio e se postou na frente dos apresentadores. Ninguém resistiu. O jornal daquela noite foi um desastre.

No tempo em que transmitia futebol pela Rádio Guairacá de Curitiba, Rocha Braga, considerado um dos melhores narradores do rádio brasileiro, demonstrava todo o seu talento improvisando em situações em que outros profissionais tinham dificuldades. Falava muito rápido e enriquecia sua transmissão com farta adjetivação e muito detalhes, mas costumava esquecer nomes de jogadores. Nessas ocasiões mostrava todo o seu desembaraço, mantendo a transmissão do jogo no mesmo ritmo sem que o ouvinte percebesse seus truques. Se o nome do jogador fugia da memória, ele imediatamente chamava de Osternack. Esse “Osternack” do Rocha Braga, “jogou” em quase todas as posições de quase todos os clubes de Curitiba.

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