Junior e Nilton Santos
“Eu nunca maltratei a bola porque sempre morri de medo que ela me traísse”. Nilton Santos um dia gravou essa declaração de amor para um documentário sobre o futebol brasileiro, esta força do Universo que é capaz de gerar também este outro monstro da lateral esquerda, o grande Junior. Esta foto, feita recentemente durante uma visita de Junior à Casa de Repouso onde Nilton Santos convalesce daquelas doenças da velhice que, como se vê no registro, não lhe tiraram a alegria do viver. Os dois transpiram felicidade porque receberam de volta e guardaram toda a reverência de um povo que sabe reconhecer predestinados, artistas que nos encantaram no controle dela, no trato, na visão mágica, na malandragem sem sacanagem, no amor à camisa. Um botafaguense eterno. Outro flamenguista de sangue. Um enciclopédia de futebol. Outro que se denominou “livrinho de cabeceira” diante do mestre, mas é muito mais. Titulares da seleção Brasileira dos tempos em que jogava-se por prazer, para mostrar com quantos avanços se faz um lateral moderno, hoje ala. Nilton Santos, portanto, foi alado nos anos 50 e 60. Junior voou como canarinho e até cantou música, ele que integrou a mágica equipe de 82, a última referência de sonho num tarde de domingo. Nilton foi rei em 58 e 62, mas foi à Copas de 50 e 54, como reserva. Um encontro transcendental. Para quem ama o belo.
Belíssimo texto, à altura de dois gênios que foram os maiores laterais-esquerdos do futebol brasileiro – Nilton, o primeiro (não apenas no Brasil, mas no mundo), Júnior, o segundo.
Genialidade não só no futebol, mas também no caráter, na personalidade. coisa difícil de ver nos endinheirados craques arrogantes de hoje, incapazes de conciliar futebol com o pagode regado a uísque.
Só uma correção, zé: o Nilton esteve nas copas de 50 e 54, como reserva, e 58-62 como titular.
No Chile, em maio de 62, já tinha 37 anos completos.
Pesquisei “Nilton Santos biografia” no google. Pra minha surpresa, os cinco primeiros registros são de outro personagem genial, o geógrafo brasileiro Milton Santos, e não do “enciclopédia”.
Não sei se isso é bom ou ruim, mas Nilton só aparece no sexto registro.
A coincidência: os dois gênios são taurinos, Nilton de 16 de maio de 1925; Milton (já morto), de 3 de maio de 1926.
Da-lhe Zé Beto… belo texto!
Saude ao Nilton Santos…
Gênios, gênios, gênios…. Acima de tudo, craques também no caráter e na arte de saber tratar as pessoas… Nilton Santos não conheci, mas Leo é um sujeito que merece tudo aquilo que Deus lhe deu, simplesmente por ser um sujeito simples, humilde e competente em tudo o que faz… Parabéns pelo (sempre) brilhante texto, ZB
Grande Tarquinio! Corrigido. Obrigado. Continue assim. Abraço. Saúde.
ZB, que puta texto cara!
Combinou direitinho com o Nilton Santos e o Junior.
Oportuna e pertinente homenagem em texto brilhante. É assim, não podemos deixar passar aqueles que honraram a canarinho e praticaram o verdadeiro futebol. No tempo do Niltão, os grande times do Rio, para não falar em São Paulo, eram verdadeiras seleções. Quem pode assistir o Canal 100 lembra-se o que eram aqueles jogos filmados em grande angular e câmara lenta. No tempo do Junior, de certa forma, também. Hoje tem que catar a dedo e quem cata não sabe ou não pode escolher os melhores pois tem alguem que puxas as cordinhas por trás ou por cima. Agora o sujeito dá duas pedaladas e pensam que é genio – gênio da enganação. Estes dois não, eram genios todo dia.
ZéBéTo: vou fazer aniversário mês que vem ainda. Mas, obrigado pelo presente antecipado.