7:26HORÓSCOPO

por Osman Gadoso

Aquário

Nem tinha lido João Cabral de Melo Neto, mas naquela festa de fim de ano recolheu pedras na rua e pintou-as para distribuir aos colegas de trabalho. Eram pedras para ajudar no caminho. Porque parte de um cotidiano ignorado. Estavam ali para que ele as olhasse e tivesse a idéia. Imaginou que cada um cuidaria delas porque eram seu coração de menino curioso, menino que tanto se encantou com o primeiro banho de água quente saindo do chuveiro Lorenzetti, aos 12 anos, como pelo mistério do poço de onde sempre saía a água para abastecer as três casas do mesmo quintal da infância. Anos depois, encontrou um daqueles agraciados. Perguntou sobre a pedra. Teve como resposta uma brincadeira sem graça, no estilo “joguei na cabeça de um desafeto”. Não se incomodou. Descobriu que a pedra, se não estava no coração de quem ganhou, da lembrança jamais sairá.

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