11:10Fundo para estimular economia do Paraguai foi proposto pelo PPS em 2008 para evitar atrito sobre tratado de Itaipu

O PPS informa:

Na tentativa de chegar a um acordo com relação ao preço da energia produzida por Itaipu e comprada do Paraguai, o governo brasileiro apresentou uma proposta que já havia sido levantada pelo PPS no ano passado. Trata-se da criação de um fundo para estimular a economia do país vizinho, sócio do Brasil na hidrelétrica. Feita em 6 de maio de 2008 pelo secretário-geral do PPS, Rubens Bueno, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, a proposta parece ter sido, mesmo que tardiamente, considerada pelo governo. Tanto que, em encontro na última segunda-feira entre ministros de Energia, Fazenda e Relações Exteriores dos dois países, em Brasília, ela integrava a pauta brasileira para resolução do impasse em torno da energia. Foi batizada de fundo binacional de desenvolvimento para estímulo atividade produtiva no Paraguai.

O tratado de criação da hidrelétrica binacional estipula que cada país tem direito a 50% da energia gerada. Só que o Paraguai usa apenas 5% e restante é comprado compulsoriamente pelo Brasil. Hoje o preço é de US$ 45 o quilowatt/hora, que dá um total de US$ 1,5 bilhão por ano. O Paraguai quer mais. Além disso, o Brasil paga uma taxa de US$ 100 milhões pela cessão da energia excedente ao país vizinho, que quer reajustar esse valor para US$ 800 milhões. O governo brasileiro não aceita os termos e apresentou a proposta do fundo, já feita pela PPS, como uma alternativa. As autoridades Paraguais ficaram de analisar. Um novo encontro sobre o tema deve ocorrer após o carnaval.

A proposta do PPS
O secretário-geral do PPS já defendia em maio do ano passado que o Brasil precisava aprofundar o diálogo com o Paraguai para evitar estremecimento nas relações políticas e econômicas entre os dois países, a ponto de provocar uma crise. No debate realizado pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara, a pedido do deputado Raul Jungmann (PPS-PE), estava presente, como representante do governo Lula,  o diretor do Departamento da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores, João Luiz Pereira Pinto, que na época descartava a revisão do Tratado de Itaipu (assinado em 1973) e a revisão de tarifas.

 

O PPS alertava para a importância do diálago. “Nós não defendemos a revisão do tratado, mas acreditamos que deve haver uma negociação. Não como foi na questão do gás da Bolívia, feita por não profissionais. A questão deve ser tratada por quem entende do assunto, que são os profissionais do Itamaraty”, disse, na época,  Rubens Bueno, que é ex-diretor da Itaipu-Binacional.

 

Para ele, se o Brasil aposta mesmo no Mercosul e quer liderar o crescimento de um bloco econômico, tem que colaborar com o desenvolvimento dos países vizinhos e isso poderia ser feito por meio da criação de um fundo de desenvolvimento. Na formação da União Europeía, lembrou Rubens, os países mais ricos investiram nos mais pobres para fomentar desenvolvimento e trazê-los para o bloco, colocá-los no mercado comum europeu. “O Brasil nunca fez isso pelo Paraguai”, frisou o secretário-geral do PPS.

Compartilhe

Uma ideia sobre “Fundo para estimular economia do Paraguai foi proposto pelo PPS em 2008 para evitar atrito sobre tratado de Itaipu

  1. SFU

    Rubens Bueno foi Diretor Administrativo da Itaipu e, por ser uma pessoa inteligente, deve ter estudado e se ateve ao TRATADO DE AMIZADE E COOPERAÇÃO ENTRE A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E A REPÚBLICA DO PARAGUAI, promulgado em 1976, concomitantemente ao Tratado de Itaipu, pelo qual é proposta a cooperação mútua entre ambos os países, para a promoção do desenvolvimento. Já no Artigo XVII fica claro o compromisso que o Brasil assume perante o Paraguai na forma de “se compromote a cooperar” com o país vizinho. Pois bem, pouco mais de um terço de século depois, nada foi feito e, agora, com a pressão elevada às alturas surgem as propostas, como se criativas fossem. Mérito para o Bueno e para o PPS que, com sua voz pública resgatam a ideia, sem, no entanto, mencionar a fonte, situada há 32 anos. A verdade é que em vários momentos, o corpo técnico da empresa estimulou o cumprimento desse Tratado e as diretorias anteriores e, especialmente a atual, sempre desvalorizaram os seus termos e as propostas técnicas. Agora, na crise, a velha proposta ressurge.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.