18:24John Updike, adeus

Do G1 e Folha Online:

O escritor norte-americano John Updike, autor de livros como a série “Coelho” e a releitura de “Tristão & Isolda” tendo o Brasil como cenário em “Brazil”, vencedor do Pulitzer, morreu nesta terça-feira aos 76 anos. Residente em Beverly Farms, no estado do Massachusetts, Updike morreu de cancêr no pulmão, de acordo com uma nota publicada pelo seu editor, Alfred A. Knopf.  Um escritor erudito que frequentemente aparecia nas listas de best-sellers, Updike escreveu novelas, contos, poemas, críticas, um livro de memórias e um famoso ensaio sobre o jogador de beisebol Ted Williams.  Updike era prolífico, quase compulsivo, lançando mais de 50 livros ao longo de uma carreira que começou na década de 1950. Entre seus prêmios, estão dois Pulitzer pelos livros “Coelho cresce” e por “Coelho cai”, ambos da série “Coelho” que o tornou famoso entre público e crítica.

Em 1994, Updike escreveu o livro Brazil, onde reconta a história de “Tristão & Isolda” usando o Brasil como cenário e transformando os personagens principais em “Tristão Raposo” e “Isabel Leme”.  

Apesar de nunca ter recebido o Nobel, ele o deu a um de seus personagens de ficção, Henry Bech, o promíscuo e egoísta escritor judeu que recebeu o prêmio em 1999.

Seus cenários iam da corte de “Hamlet” à África pós-colonial, mas seu lar na literatura era o subúrbio norte-americano. Nascido em 1932, Updike foi a voz de milhões de leitores nascidos na época da Grande Depressão e criados por “pais avarentos’, unidos pela “coesão patriótica da Segunda Guerra Mundial” e abençoados pela “parcela desproporcional dos recursos mundiais”, o boom do subúrbio pós-guerra de “carreiras idealizadas e casamentos apressados”.

Ele capturou, e muitas vezes abraçou, a confusão de uma geração a respeito dos direitos civis e dos movimentos femininos, além da oposição à Guerra do Vietnã. Updike foi chamado de misógino, racista e defensor do establishment. No plano literário, foi atacado por Norman Mailer como o autor apreciado pelos leitores que não sabiam nada sobre escrever.

Mas com mais frequência ele era aclamado pelo seu estilo poético. Com riqueza de detalhes, seus livros apresentavam os extremos do desejo terreno e do fanatismo religioso, seja através da cômica promiscuidade do pastor de “A month of sundays” e a fúria do jovem muçulmano de “Terrorista”. Criado em uma comunidade protestante em Shillington, onde o pai-nosso era recitado diariamente na escola. Updike era um religioso praticante influenciado pela sua fé, mas não imune à dúvidas.

“Eu lembro das vezes em que eu estava lutando contra essas questões e que eu ficava apaixonado. Eu estava apaixonado por uma versão materialista, ateísta do universo”, disse em uma entrevista em 2006.

Veja abaixo uma lista de obras do escritor publicadas em português: 

“Bech no Beco” (2000)
Trad. de Paulo Henriques Britto, Companhia das Letras

“Bem Perto da Costa” (1991)
Companhia das Letras

“Busca o Meu Rosto” (2005)
Trad. de Paulo Henriques Britto, Companhia das Letras

“Cidadezinhas”
Trad. de Paulo Henriques Britto, Companhia das Letras

“Coelho Se Cala”
Trad. de Paulo Henriques Britto, Companhia das Letras

“Gertrudes e Claudio” (2001)
Trad. de Paulo Henriques Britto, Companhia das Letras

“Uma Outra Vida”
Companhia das Letras

“Terrorista” (2007)
Trad. de Paulo Henriques Britto, Companhia das Letras

“Sobre a Fazenda” (1999)
ed. Imago

“O Centauro” (1988)
ed. Europa-América

“Brazil” (1994)
Companhia das Letras

“As Bruxas de Eastwick” (1987)
ed. Gradiva

“Coelho Cai” (1992)
Companhia das Letras

“Coelho Corre” (1992)
Companhia das Letras

“Coelho Cresce” (1992)
Companhia das Letras

“Coelho em Crise” (1992)
Companhia das Letras

“Confie em Mim” (1988)
Rocco

“Consciência à Flor da Pele” (1989)
Companhia das Letras

“Memórias em Branco” (1995)
Companhia das Letras

“Na Beleza dos Lírios” (1997)
Companhia das Letras

“Pai-Nosso Computador”
Rocco

“Uma Questão de Confiança” (1988)
ed. Difel (Portugal)

“S.” (1989)
Rocco

“Saba das Feiticeiras” (1985)
Rocco

“Casais Trocados”
ed. Abril

“O Golpe”
ed. Nova Cultural

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