De Rogerio Distefano, no Maxblog (www.maxblog.adv.br):

Drummond dizia que sua Itabira era um retrato na parede, só doía. São João do Triunfo, não me dói; sangra. Chegar lá, 90 minutos de viagem, uma alegria para os olhos, paisagem lindíssima a da rodovia João Batista Distefano, que liga Palmeira a Triunfo. Paisagem linda que esconde a tragédia, anunciada pelas estufas de fumo.

A economia local caiu no engodo das monocultura de alta produtividade em pequenos espaços. A sedução que ignora os riscos da ininterrupta atividade gerando riscos à saúde no contato intenso com defensivos agrícolas e na manipulação das folhas de fumo. A grande incidência de mão-de-obra infantil já foi até detectada pelas autoridades.

O vigário alemão queria corrigir. Nos sermões dizia à colônia polonesa, dominante e única: os alemães, os italianos e os japoneses são cooperativos, teriam diversificado a economia; os poloneses só brigam entre si e o município perde. O padre trouxe o PT e os prefeitos. O atual, médico, transformou o posto de saúde em paço municipal.

Neste “paço” andam as coisas em Triunfo. A fúria conservacionista acabou com a araucária, dizem os madeireiros que ainda estão lá. Ninguém planta pinheiro porque depois não dá para cortar. A multinacional inglesa controla imensas áreas, que planta com o pinheiro elliotis, que pode ser cortado mas mata a vegetação por baixo.

As autoridades ajudam com os tiros no pé. O Ibama soltou tucanos em S. João do Triunfo; os bichos peessedebistas cresceram e comeram os filhotes das aves nativas – inclusive da gralha azul. Os sabiás, que em Curitiba comem nas nossas mãos, sumiram de Triunfo, há quem diga mortos pelos defensivos do fumo – ou de câncer no pulmão.

“Aqui só o que avança é o atraso”, dizia o amigo de infância, felizmente mantendo a excelência da hospitalidade e o sabor único, ancestral, do talharim e da carne assada ao molho com o toucinho no meio da posta. Dionísio Tomacheski continua simpático e produzindo a melhor lingüiça com trema e o melhor salame copa do Brasil.

Volto com sensação de Cerro Azul, a cidade que recebeu e esqueceu a colonização francesa. Os franceses desaprenderam de ser franceses e aprenderam a ser caipiras. O sinal de alerta: os primos começam a engolir os esses no plural. Será que ajuda mudar o nome de Triunfo para homenagear aquilo que realmente avança por lá?