19:08Moysés Paciornik, adeus

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Moysés Paciornik – Foto de Jader da Rocha

O rosto registrado para sempre nesta na foto acima é de um homem que não precisaria falar para se saber que é do bem, daquela categoria tão rara nos seres humanos que, não fosse por eles, o mundo ficaria irremediavelmente insuportável e não haveria esperança. Para quem teve o privilégio de ter filhos nascidos por suas mãos, como este que vos escreve, não é delírio dizer que estes foram abençoados – e Tarsila, hoje com 22 anos, coincidência ou não, tem a mesma aura, esta mesma tranqüilidade, a mesma candura no olhar. O dr. Moysés Paciornik partiu hoje, aos 94 anos, e deixa um legado que pode ser traduzido nesta mesma imagem, quando posou de cócoras, para simbolizar o tipo de parto que adotou em 1975 depois que aprendeu a técnica com os índios das reservas do Sul do País durante o trabalho que desenvolveu à frente  do Centro Paranaense de Pesquisas Médicas, que fundou em 1959 para difundir a prevenção do câncer ginecológico. Paciornik nasceu em Curitiba em 1914, formou-se em Medicina em 1938 com especialização em Ginecologia e Obstetrícia. Fundou a Casa de Saúde Paciornik, onde trabalhou até pouco tempo atrás. Escreveu vário livros, entre eles “Aprenda a Nascer com os Índios”; “Aprenda a Viver com os Índios”; “Quem Mata o Índio?; “Aprenda a Envelhecer sem Ficar Velho”. Em quase 70 anos de profissão, fez mais de 60 mil partos. Era um adepto das longas caminhadas, esporte que praticava até recentemente, e nunca usava elevador, sempre utlizava escadas. É famosa a sua longa caminhada pelos milhares de degraus do Empire State, em Nova York. Paciornik, enfim, era um determinado. O corpo do grande médico está vindo de São Paulo. Paciornik foi para lá nesta semana, para ser internado, depois de sofrer uma queda. O velório acontece neste sábado na sede da Associação Médica do Paraná, a partir das 20h30. O enterro será no domingo, às 11h, no cemitério Israelita do Santa Cândida.

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17 ideias sobre “Moysés Paciornik, adeus

  1. Lucy

    É um exemplo de profissional e ser humano a ser seguido, principalmente pelos recém-formados médicos da UEL que se acham no direito de invadir um hospital bêbados para humilhar pacientes, sendo que estes deveriam ser cuidados de forma humana por esses “doutores”, bandidos de jaleco!

    Vá com Deus Dr. Paciornik e minhas sinceras condolências aos familiares…

  2. JJ

    É uma grande perda para o Paraná. E
    Este Paraná que pouco valoriza os que merecem e mereciam.
    Só depois de mortos, os paranaenses são cultuados.

    JJ

    Nascido pelas mãos do Dr. Moyses, há 57 anos.

  3. Antonio Carlos Refer

    Parece que o velório será na Associação Médica. Provavelmente amanhã saberemos.

  4. Fabio

    Dr. Moyses deixa saudades. Uma figura de extrema dignidade e simpatia. Condolencias aos familiares.

  5. LORENA LAZZAROTTO PEREIRA

    FUI PACIENTE DESSE “GRANDE” PROFISSIONAL, MINHA VÓ ALZIRA LORUSSO LAZZAROTTO FOI UMA DAS SUAS PRIMEIRAS PACIENTES, TIVE 2 FILHOS NASCIDOS , COM SEU AUXILIO. TUDO QUE SE PODE FALAR AINDA É POUCO, UM PROFICIONAL QUE AMAVA O QUE FAZIA, EXTREMAMENTE HUMANO, NÃO FAZIA ACEPÇÃO QUANTO AOS PACIENTES, TRATAVA TODOS COM CARINHO E RESPEITO, SEM DÚVIDA NENHUMA A PARTIR DE ONTEM ABRIU-SE UMA GRANDE LACUNA NA HISTÓRIA DA MEDICINA BRASIELEIRA E ATÉ MUNDIAL !!! OBRIGADA GRANDE MOISÉS!!!♥

  6. lina

    Mais que médico, um filósofo, um amigo.
    Minhas duas filhas nasceram por ele, de cócoras, com direito a diálogos dos mais profundos, dos mais existenciais, literalmente, entre médico e paciente.
    Ele falava do cosmos, da natureza, da gravidade, a melhor amiga da mulher na hora do parto. Fique de cócoras. Do resto a natureza se encarregará…relaxe, use do ar para gerar energia. Use da fisica, segurando com força esse tronco -uma barra – que ele lhe devolverá toda essa força. Aguarde a próxima dor. Continue de cócoras. Não é confortavel? perguntava ele, na mesma posição, ali todo o tempo necessário. Sempre uma nova história.
    Meu tipo inesquecivel! Obrigada pelo mundo que o senhor me apresentou e recebeu minha filhas Anaterra e Tarsila, dr Moysés.
    Vá em paz.

  7. nani gois

    tive a felicidade de receber um texto seu ,para meu livro sobre Curitiba.Tambem o privilegio de fazer sua ultimas imagem em publico recebendo uma homenagem da Assembleia Legislativa pelo 155 anos de emancipação do Pr.
    Que ele repouse em paz e ajude muita gente la de cima.

  8. Bitte

    Zé:
    Além de grande médico, pesquisador e escritor, o Dr. Moisés era uma grande figura. Sim, uma figura. Tive oportunidade de entrevistá-lo um par de vezes para a Manchete e Pais&Filhos, no tempo que trabalhei na Bloch Editores.
    E naquele tempo era um grande abacaxi o pós-publicação. É que a redação ficava entupida de cartas, bilhetes e telefonemas pedindo maiores informações sobre a matéria e sobre ele. Digo abacaxi, porque não tínhamos a moleza moderna, de encaminhar via e-mail.
    Era no muque mesmo. E ele, pacientemente, respondia a todas as cartas.
    E enqanto ele respondia, a gente ficava batendo papo e eu curtindo e bebendo da sua sabedoria e paciência.
    Saía de lá todo entusiasmado e quando chegava no prédio da Manchete, ali na Marechal Deodoro, ia, célere, pela escada. A redação ficava no oitavo andar.
    Mas vou contar um segredo: ia só até o quarto ou quinto andar, porque não aguentava – muita pança e muito fumo.
    Desculpe, doutor Moisés. Foi só um pecadinho.
    Fique em Paz,

    Bitte

  9. ´Fatima de Jesus Soares Silva

    Nos dias atuais em que a medicina virou meio de garantir o futuro dos ditos “médicos ” você foi um exemplo de ética médica e humanização.
    Hoje os médicos não podem esperar para fazer um parto normal, toma muito seu “valoroso”tempo.

  10. Vanderlei

    Um gigante moral, profissional e intelectual. Estava absurdamente acima e à frente dos anões que rastejam por aí, mas jamais afetou superioridade ou arrogância. Longe disso. Realizava-se no trabalho.
    Salvou milhares de vidas e deu conforto a tantos outros que não tinham como pagar um médico ou enfrentar a fila do inps.
    Ninguém me contou isso: pude testemunhá-lo pessoalmente, e várias vezes.
    Foi um dos raríssimos homens imprescindíveis, que dava o melhor de si o tempo todo – e todo o tempo com aquele sorriso amável no rosto.

  11. Tarquinio

    O dr. Moysés celebrizou-se pelo parto de cócoras. Mas quem o conheceu um pouquinho mais de perto sabe que seu forte era outro: fazer o bem em tempo integral, levando os recursos da medicina àqueles a quem já não restava mais muita esperança.
    Atendeu a milhares de pessoas carentes em seu consultório sem cobrar um centavo.
    Dá arrepios pensar que, passado o tempo do dr. Moysés, venham para os hospitais os cretinos que se graduaram em Londrina.

  12. berenice cordeiro

    Se o Criador tivesse de escolher quem morreria certamente ele não o levaria e sim deixaria que ficasse aqui conosco para paasar suas experiecias de vida e de amor .Estou muito triste por ter -se ido pois mera coicidencia o meu irmão que ele ajudou a vir a este mundo tambem se foi veja no mesmo ano são duas percas dolorosas e inesquecivel.Minha mãe sempre gostava de contar o que aconteceu neste dia.Ele salvou minha mãe e tambem meu irmão. O meu irmão morreu aos 60 anosé uma história fantastica pois minha mãe morava mo mato e ele na e´poca com sua juventude saiu aqui de Curitiba e foi antede-los .Dr muito obrigada descanse em paz.

  13. Sérgio Augusto Silveira

    Caro Zé Beto,
    Preciso enviar nossas condolências à família do doutor Moisés Paciornik pelo falecimento dele. Se você souber o e-mail de alguém da família, envie para este meu endereço eletrônico. Preciso enviar também as condolências do vereador Luiz Vidal, vice-presidente nacional do PSDC e integrante da comunidade judáica no Recife. Agradeço desde já a tua ajuda. Cumprimenta-o,

    Sérgio Augusto Silveira – jornalista no Recife.

  14. Lilian

    Olá, Zé Beto!
    Faz um tempo já que estou à procura da Casa de Saúde Moysés Paciornik. Moro em Curitiba, sou doula e adoraria conhecer o lugar. Você sabe onde fica?
    Desde já agradeço,
    Lilian

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