14:33Horóscopo

por Osman Gadoso

Áries

Não há nada de novo no ano novo. É letra de música. É alguém que escreveu para eternizar o óbvio (João Bosco e Aldir Blanc em “Tristeza de uma embolada”). Passar embaixo da árvoare de Natal enfeitada no shopping não vai ser como entrar na tenda dos milagres. Comprar as traquitanas eletrônicas, encher a caveira e a pança nas vésperas, nada enfim, vale se o olhar estiver nublado e o peso que inventamos para nós mesmos seja o do universo. Um sábio que se afogou em álcool durante quarenta anos e depois descobriu que poderia sobreviver sem  ele um dia disse que o grande problema é a balança. Não a do peso, mas aquela onde nosso computador de bordo, vulgo mente, está conectado e que atribui valores expressivos ao que é negativo e nada ao positivo, sendo este as coisas mais normais da vida, como o fato de poder ler estas linhas, por exemplo. É tão fácil. É tão difícil. É preciso o exercício diário. É preciso o estar disposto a isso. É preciso não ter medo de olhar no espelho. Quando não se enxerga o espelho, o problema é grave, mas não insolúvel. Criamos monstros com mais capacidade que os roteiristas de hollywood. Só que os nossos nos consomem a cada respirada. E eles são criações. Se não criarmos, tudo fica leve. Dá para encarar, dá para se divertir, dá para chorar, dá para resolver, dá para não resolver. Aí, quando se chega esta parte do ano, que bom olhar para frente e saber que não há nada de novo no ano novo.

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