por Osman Gadoso
Libra
O que ela queria era apenas uma foto 3 x 4, mais nada. Tomou coragem e pediu na mensagem pela internet. Sim, conhecia-o, mas foram poucas as vezes em que seus olhares se cruzaram enquanto um “oi, tudo bem?” tradicional encheu o ar. O que teria acontecido para ela endoidecer? Lembra que acordou um dia com a imagem de uma rosa na tela da televisão, duante a madrugada. Tinha uma mensagem evangélica e uma música que ela não lembra. Mas aquela rosa se tranformou na obsessão que já durava anos. Tarjas negras do psiquiatra foram em vão. Agora ela não dormia para ver de novo a rosa da tv. Quem sabe surtiria o efeito contrário e a vida normal retomaria. Nada de rosa na tela. Sempre rosa na cabeça e ele a atormentá-la sem que soubesse. Era uma sensação boa e ruim. Boa porque pensava ser aquilo um sentimento nobre, desses que tinha lido no tempo em que existia revista de fotonovela, Grande Hotel, preto e branco, a vida lhe reserva uma grande história de amor. Ruim porque tudo estava tão distante quanto a flecha a ser lançada pelo índio da foto da capa de O Cruzeiro. Então pediu a foto. E espera há dez anos. Ela ainda tem dúvida se ele recebeu a mensagem ou não. Enquanto isso, pelo menos trabalha. Numa floricultura, para se acostumar com as rosas.