7:12Horóscopo

por Osman Gadoso

Touro

Um dia o medo tomou conta de tal forma que impediu-o de levantar. Era a angústia em forma de pânico e o edredon não o protegia. Chorou o choro dos despesperados. Impediu que a janela fosse aberta para a luz do dia entrar. Num máximo esforço clicou o controle remoto da tv e então passou a ver filmes no canal a cabo destinado a isso. Na tela, cada filme era como dose de morfina para aliviar a dor. Os melhores momentos, contudo, era quando dormia, pois “morria”. Ao acordar, o coração e o nó no peito apertavam tanto que sentia falta de ar. E tudo porque um dia recebeu notícia boa no trabalho, logo depois das primeiras férias longas passadas num paraíso brasileiro. Promoção, aumento de salário, etc. E no primeiro dia da nova função, a mente a entrar pelo desvio. Teria condições de fazer aquilo. Descobriu neste período de hibernação e alienação que a farmacologia é um dos maravilhosos avanços da ciência. O doutor de mente interferiu de forma perfeita. Um dia ele saiu de casa e começou a encarar medos parecidos como estimulantes. E desafiou-os. E viu que os fantasmas são sempre criados. Aprendeu a lidar com eles e a sentir o saboroso gosto de dissipá-los. Com ação. Agora vê filmes em capítulos. Mas isso é outra história.

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