Nosso leitor Francisco Carnelutti envia sugestão sobre os cães de aluguel:
A respeito da polêmica dos cães de aluguel, parece-me que se deixou de lado o essencial nessa discussão toda: a mão-de-obra humana. É óbvio que as empresas de aluguel de cães cresceram e ocuparam boa parte do mercado porque seus “trabalhadores” não têm carteira assinada, não tiram férias e não fazem greve. Basta treiná-los, alimentá-los de vez em quando e soltá-los num terreno qualquer que eles dão conta do recado. Alguns passam fome e adoecem, é verdade, mas são facilmente substituíveis. Já o trabalhador humano… Minha sugestão é que se tente junto à Justiça revogar a ordem de acabar com as empresas de aluguel de cães. A solução é simples: para cada terreno, obra ou empresa em que haja pelo menos um cão de aluguel (evidentemente pode ter mais de um) deve haver um ser humano trabalhando como vigia. O vigia, sendo racional, saberia como agir e controlaria seu parceiro cão. Ora, se há 4 mil cães de aluguel em Curitiba, quantos empregos foram extintos nessa história? Pelo menos metade, para ser bonzinho. Obrigando as empresas que contratam cães a ter um vigia onde aqueles latem, retoma-se o emprego de mão-de-obra pouco qualificada e todos ficam bem. As empresas de vigilância podem continuar cuidando de condomínios, empresas grandes, shoppings e bancos. Há mercado pra todo mundo. Ns busca de serem humanos, às vezes certos homens pensam como cães.
Ah, não poderia faltar sempre aquele brasileiro que quer arrumar empreguinho pra quem não tem qualificação e aumentar o custo total da operação.. Se é necessário o vigia, pra que o cão? Ele existe única e exclusivamente pra baratear o preço da operação, leia-se obra, casa, etc..A tendência natural de um mercado capitalista é corte de custos para maximizar lucros, correto? Onde o ser humano mostrar-se dispensável, leia-se, onde a mão-de-obra ser desprovida de maiores necessidades educacionais ele vai sobrar, não existe volta. Não há espaço mais para bondades e afins. Quanto aos cães, é público e notório que eles são mal cuidados, são deixados ao bel-prazer e mais do que oportuna a lei. Quem quiser que compre o seu cão e cuide dele próprio, se não o fizer responderá ou, adotando a idéia de nosso colega acima, contrate mão-de-obra “qualificada”.
As empresas que hoje locam os cães vão “vender”, cobrando manutenção, para depois “comprar” de volta quando o contrato se encerrar. Não parece óbvio?
Sou contra maus tratos aos animais, assim como às pessoas, é claro. Porém, em alguns casos, os cães são mais eficientes como guarda – não dormem ou acordam fácil ao menor barulho ou invavão. O que não acontece com muitos vigias…
Claro que os cães deveriam ser adestrados e bem alimentados. Mas não o são – por isso surgiu a Lei, de difícil operacionalização e fiscalização.
Quanto aos humanos, a solução está na capacitação. Não tem outro jeito. Colocar um vigia para cada cão de guarda é absolutamente inviável.
JJ