6:56Os responsáveis pela balada da morte

Na segunda-feira passada aconteceu uma tragédia numa mansão de Santa Felicidade. Na preparação para uma festa rave, ao instalar uma barraca, morreram elotrocutados os seguranças Thiago Fernandes de Souza Aguiar, de 17 anos, e Jeisse Machado da Silva, de 21 anos. Também ficou Anderson Veronezi dos Santos, que foi encaminhado em estado grave ao Hospital Evangélico. Segundo os vizinhos, isso não impediu a realização do evento, que entrou pela madrugada e terminou apenas às seis da manhã do dia de Natal. As informações que se seguem, inexplicavelmente não constavam do noticiário. O nome da festa era “Acqua Christmas”, era uma balada de cunho social, cuja renda foi destinada à Liga Paranaense de Combate ao Câncer do Hospital Erasto Gaertner. Mulheres pagaram R$ 50,00 e homens R$ 150,00 para entrar. Os promotores do evento foram  Guto Mocellin, CWB DJs, Wynn e Fernando Lisboa. Segundo release distribuído para a promoção do festerê, “no comando das carrapetas o top DJ do selo internacional Hed Kandi, Wez Clarke tocará o melhor do house music para o público presente. Edo Krause e Rodrigo Ferrari completam o line up da festa”, seja lá isso o que for. O local da tragédia pertence ao empresário Mocellin, boss das águas “Ouro Fino”. A mansão, com terreno de 45 mil m², fica na Rua Justo Manfron nº. 1.431, em Santa Felicidade. Antes da morte dos dois seguranças, os promotores informaram que o local receberia “toda a estrutura para garantir a segurança e o conforto dos convidados”. É, pode ser, afinal, os que morreram não eram convidados, estavam ali apenas a trabalho. Vai ver que por isso balada rolou solta, na maior alegria.  

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27 ideias sobre “Os responsáveis pela balada da morte

  1. Jeremias, o bom

    “As informações que se seguem, inexplicavelmente não constavam do noticiário.”

    É isso, ZB.
    Ler seu blog vale por informações como essa, que não aparecem em nenhum jornal da terra, sempre mais preocupados com desinformar, confundir e ocultar.
    Além, é claro, de que somente aqui temos as fotos da dupla Lina-Lineu, que permanentemente se superam a cada clique.

  2. Ricardo Jabur

    Cara, eu odeio essa gente e odeio ese tipo de evento.
    Mas o que é que os caras iam fazer?
    Decretar luto e devolver os convites de todo mundo no afogadilho?
    Sei lá.
    Morreu, morreu, antes eles do que eu.

  3. Anaterra

    Estava pensando esses dias na hipocrisia da Responsabilidade Social. Deveria ser um ato de conscientização, de troca, porém muitas vezes é pura aparência. O verdadeiro sentido de ser responsável socialmente é balela para muitos que promovem eventos beneficentes ou programas para ajudar aos mais carentes.

    “Renda destinada a Liga Paranaense em Combate ao Câncer”. Tudo isso me soa como auto-promoção desse pessoal q quer mais é saber de azaração e badalação. Os pobres meninos que pagaram com a vida pra festa acontecer, coitados, estavam ali para trabalhar pra esse povo se divertir.

    Ontem a imprensa não conseguiu entrevistar os familiares de uma das vítimas, eles se recusaram porque a empresa de segurança na qual o jovem trabalhava pagou as despesas do enterro e velório.

    Que absurdo, mas é assim mesmo,
    o “fio elétrico” arrebentou pro lado mais fraco,
    enquanto o mais forte se diverte…
    Irônico é ser uma festa de Natal, mas acho q ninguém se lembrava mesmo o significado disso…

  4. menina dos olhos

    O povo não fica chocado com mais nada nesse mundo.
    Onde vamos parar??

    Ler o comentario do RICARDO é uma prova disso. MORREU, MORREU, antes ele do que eu.??

    Só doi quando é com a gente né?
    Quando é conhecido ou parente. O resto é resto.
    E se for na noite de NATALentão, mais normal ainda…

    Eu devo ser de outro mundo mesmo.

    Lamentável.

  5. Ricardo Jabur

    Morreu, tá morto.
    Podiam ser outras pessoas, ia ser legal se tivesse essa opção.
    Mas tem que morrer gente sempre, todo dia. Imagina pegar o Inter II se não morresse ninguém. Ia ser um inferno.

  6. marcela

    Que horror ” antes ele do que eu”. Esse Ricardo Jamur, por acaso é parente dos sócios da Boate Lique (co-hotess da festinha natalina), o Leonardo Jamur?
    Certa a leitora em tocar no assunto da hipocrisia beneficente (apenas parte (quanto %?) do lucro seria revertido e não a sua totalidade.
    Isso é marketing fajuto e oportunista.
    Vamos aos nomes dos organizadores e responsáveis.Será que desta vez teremos culpados ou veremos um novo “caso Jóquei Clube”?
    Pelo visto as famílias das vítimas já receberam um cala a bôca em “espécie”.

  7. O RUIM, jeremias

    Zé Beto,

    Nunca entendi certas coisas nos jornalistas. Sua nota embora informativa, tem dois enfoques críticos:

    1. O fato da imprensa omitir certos dados que são pertinentes ao jornalismo, como o nome dos organizadores e mesmo a finalidade beneficente da festa;e

    2. Uma subliminar crítica ao fato da continuação da festa, como que se os organizadores tivessem alguma responsabilidade pelo acidente ocorrido e por não terem interrompido a festa após a tragédia.

    Quanto ao de número 1.) estou 100% de acordo, “a imprensa canalha” faz uso da informação de acordo com seu interesse econômico, suas amizades, seus processos extorsivos, etc.

    Agora quanto a crítica relativa a continuação da festa, acompanhada por dois comentaristas, que ao que parece, são jornalistas também, assim como eu, afirmo com total segurança que ela é absolutamente infundada.

    Não se tratava de uma festa de aniversário de criança ou familiar que reúne 50, 100, 120 pessoas que dava pra ligar pra todo mundo cancelando.

    Era uma festa que reunia milhares de pessoas que haviam pago por seus ingressos. A totalidade dessa gente era jovem e na grande maioria sem de seu equilíbrio.

    Bastaria dois ou três imbecis, iniciar uma atitude agressiva pra grande massa de jovens “idiotas” os acompanharem em atos de violência, que sabe lá Deus como poderiam acabar.

    Conheço os organizadores e sei que tanto um quanto o outro devem estão dando todo atendimento as vítimas e as famílias, tenho certeza disso, apesar da ausência direta de responsabilidade dos mesmos.

    Voltando à critica de número 2.), pergunto o que voces fariam Zé Beto e comentaristas? O que fazer numa hora dessas?

    A crítica 2.), infelizmente, leva o leitor a entender que os organizadores teriam, em tese, responsabilidade até mesmo pela fatalidade que vitimou os três rapazes.

    Nunca entendi isso no jornalismo.

    Vale dizer que antes de terminar o ano o meu copiador O bom, jeremias, deu uma dentro. Bom comentário o dele. Outro desses só daqui um ano.

    É isso.

  8. david

    COmo diria o Jack, vamos por partes. Seguindo a linha dos comentários aqui, daqui a pouco a culpa é até dos convidados da festa.
    Em primeiro lugar, acho que agiram certo em manter a festa após o acidente. Cancelar depois de ter todos os convites vendidos e na hora em que os convidados já começavam a chegar ao local seria sem dúvida mais sensível, mas também mais irresponsável. É ingenuidade imaginar que a organização teria em dinheiro na hora o suficiente devolver o valor do ingresso pára todos os convidados. Teríamos então cerca de 2000 pessoas descontentes barradas na porta da festa querendo o dinheiro de volta. Ou seja, uma grande possibilidade de tumulto. Cancelar a festa seria assumir o risco de mais gente ferida.
    Quanto aos “responsáveis pela balada da morte” prefiro esperar mais um pouco antes de sair apontando o dedo. Todo mundo foi citado no texto do zé beto, menos quem realmente interessava. Os organizadores da festa contrataram uma empresa responsável pela montagem da estrutura que subcontratou informalmente os evolvidos no acidente, porém o nome desta empresa e dos resposáveis legais por ela não foi citado por ninguém. Ninguém sabe se esta empresa atendia as normas de segurança ou se os funcionarios receberam algum tipo de treinamento. Acredito que o empenho em descobrir e divulgar o nome dessa empresa deveria ter sido o mesmo usado pára o caso dos nomes e todos os detalhes dados sobre o dono da casa, e os organizadores (sobrou até pros djs”!).Acho que os verdadeiros culpados não são as pessoas que contratam uma empresa para prestar o serviço (contratam justamente por querer que o serviço seja feito por gente supostamente preparada para prestar-lo ).
    Se eu contrato uma construtora pára erguer minha casa e no decorrer da obra um pedreiro morre em um acidente de trabalho a responsabilidade é da contrutora e não minha. Aliás por falar nisso morre gente em acidente de trabalho na contrução civil quase que diariamente e nem por isso vejo gente indignada querendo que as obras sejam paralizadas em respeito as vitimas. Aliás não vemos nenhuma linha em jornais/blog coentando esses casos. Vai ver que só é pauta quando acontece numa festa em uma mansão.
    Finalmente quanto à hipocrisia beneficente, então quer dizer que vocês preferiam que não houvesse repasse nenhum. Sinceramente, acho que vale perguntar pára algum responsável pela Liga Paranaense em Combate ao Câncer a opinião deles. Garanto que eles preferem receber, mesmo que seja apenas parte da renda do que não receber nada. E por acaso a marcela pode me informar se ela repassa alguma parte (e quanto %) da renda dela para alguma instinuição?
    Sinto muito mesmo pelos mortos e por suas famílias, mas sair condenando pessoas pelo simples fato de terem dinheiro, de promoverem ou frequentarem festas é um pouco demais.

  9. marcelo

    “As informações que se seguem, inexplicavelmente não constavam do noticiário.”

    E por que o o jornale não deu? Já sei, não deu pra copiar da concorrência…

  10. Jose Carlos

    Interessantes comentários. Não ia dar meu pitaco por aqui, mas esta polêmica não podia passar em branco. Primeiro, sobre o jornalismo chapa-branca ou pro-society: nâo sou jornalista, mas sou filho de ex-jornalista, que fez escola nas grandes academias do jornalismo carioca e nacional, trabalhando no Diário de Notícias, no Correio da Manhâ e na Tribuna da Imprensa, nos tempos do Lacerda, além do Estadão e JB. Ouvia ele dizer que, mesmo entre estes gigantes do passado, havia atrelamento e chapa-branquismo, ou, no mínimo, interesses políticos e comerciais que interferiam na notícia em si e no conteúdo editorial, se me perdoam as impropriedades terminológicas. Se isso era assim lá na metrópole, na academia, imagine na nossa província, em que os jornais ainda engatinham como instituições.
    Outra coisa é tal “responsabilidade social”, neologismo para benemerência, caridade, entre outras expressões. Esta sempre existiu sob diversos mantos, patrocinadas pelas “pessoas de bem” do passado e hoje, pelas empresas “de bem”. Francamente, pode ser que os fins justifiquem os meios nestes casos, mas não passa de demagogia e “marquetingue”, um suborno para a consciência dos poderosos poderem conviver com a miséria, sem entrar em depressão. Esta neo-caridade, na verdade esconde a omissão dos cidadãos em face de um Estado cada vez mais voraz em termos fiscais e mais corrupto, que desperdiça bilhões em recursos que deveriam estar sendo utilizados em saúde, educação, segurança, infraestrutura, habitação, etc, e dispensaria esta prática empresarial de contornos louváveis, mas suspeitos.

  11. Ralph

    Não adianta o blá,blá,blá, o Mocelin, é dono da Ouro Fino,empresário poderoso, isso não vai dar em nada. Os dois coitados,lá de Manaus, que decansem em paz.

  12. Vasconcelos

    José Carlos escreveu, sobre a questão da “doação” da renda da festa: “Francamente, pode ser que os fins justifiquem os meios nestes casos, mas não passa de demagogia e “marquetingue”, um suborno para a consciência dos poderosos poderem conviver com a miséria”…achei brilhante.

    Paralizar a festa e mandar embora os convidados e consumidores do tal “arraial” seria ato de solidariedade aos que morreram.

    Evento sem alvará e que tinha a presença de dois deputados…

  13. Mae de Santo

    O Zé Beto, joga merda no ventilador e não responde ninguém depois. Fica calado. A posiçao dele é a mais fácil de todas aponta o dedo e deixa o circo pegar fogo.

  14. Ramos

    Ninguém da imprensa paranaense dá ou deu. Parabéns ao Jornale e ao Zé Beto que pelo que parece tem liberdade de falar de quem quiser. \\\

    QUe o Jornale continue assim, sempre.

  15. Eduardo

    Não acredito que os organizadores tiveram a intenção de praticar um crime de homicídio. Jamais, nem culposo muito menos doloso. Mas, com certeza, o crime não é esse. É a tal história de promover evento e dizer que é BENEFICENTE. Isso é picaretagem. Qual a porcentagem? Quem auditou? O crime é esse. Espero que essa sacanagem pare no Paraná. Tem até um projeto na Assembléia pra coibir isso, espero que assim, um mal intencionado, riquinho ou não, seja penalizado.

  16. Leonam Mello

    Como amigo do Thiago, muito próximo à família, manifesto minha revolta ao título de “balada de cunho social, cuja renda foi destinada à Liga Paranaense de Combate ao Câncer do Hospital Erasto Gaertner”.
    O sofrimento de sua mãe, em seu velório, em Manaus, junto à mãe de Jeisse Machado da Silva, foi algo que ficará para sempre em minha memória.
    Thiago era o filho caçula e tinha passado no vestibular para Administração em Manacapuru (interior do Amazonas).
    Em janeiro, retornaria a Manaus e continuaria seus planos. Estudamos juntos no Ensino Médio e tínhamos planos de juntos fazermos nossas faculdades.
    Um sonho interrompido.
    Não manifesto raiva alguma à realização de raves.
    Mas a minha grande revolta é pela desorganização do evento, pela falta de sentimento humanitário e de imaginar que, mesmo após o fato ter acontecido, ocorrido no inicio do evento, os organizadores continuaram a festa. Continuaram lucrando com ingressos e o consumo dos demais convidados.
    “…É, pode ser, afinal, os que morreram não eram convidados, estavam ali apenas a trabalho. Vai ver que por isso balada rolou solta, na maior alegria…”

    Jamais pensei em enterrar meu amigo aos 17 anos.

  17. Rodrigo Gomes

    Não sei se esse artigo foi de sua autoria. Gostaria de saber pois li em um fórum de música eletrônica e realmente não tem nada de JORNALISMO nele…. já ouviu falar em sempre ouvir os dois lados da história???

    Porque não anexa a carta que o Marc2s enviou para a edição???

    Abraços e se puder me responder se é o autor desse artigo PARCIAL agradeceria.

  18. zebeto

    Caro Rodrigo Gomes, a nota é minha. Não é artigo. Eu já ouvi falar em ouvir os dois lados pois estou há 32 anos nesta profissão. Mas, qual é o outro lado, se o outro lado se escondeu quando aconteceu a tragédia? Qual é o outro lado quando este outro lado solta nota oficial assinada pelo advogado. Como é que se vai ouvir o outro lado quando o outro lado evaporou e não quer aparecer? Nem a nota oficial do advogado eu recebi. Portanto, Gomes, o outro lado é esse mesmo. Abraço. Saúde.

  19. Jocasta

    Caro Rodrigues,
    Essa historia é batom na cueca. O que era dificil ficou ainda pior.
    Tragedias acontecem a revelia dos responsáveis mas não os redime de culpas, etica e respeito.
    Se era um show beneficente, mais um motivo para que fossem suspensas as festividades e devolvidos os custos do ingresso. Quem não entenderia? só quem queria de algum modo lucrar com o evento.
    Pena a Ouro Fino, instituição tradicional, carregar essa macula de omissão e desrespeito. Sujou…

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