4:34Amém, Oscar Niemeyer

                                   Foto de Nani Gois

   

Já prestaram atenção na voz deste senhor que hoje completa um século de vida, cada vez mais lúcido e trabalhando para tornar o mundo menos cruel? Ele é um menino carioca, sem sotaque, de fala mansa que transmite amor, nascido entre as curvas das montanhas, o verde da Mata Atlântica e a imensidão do mar, que se tornou famoso pela arquitetura mas que tem muito mais poder pela palavra de otimismo e de esperança que deposita no ser humano, apesar da barbárie que impera no mundo. O mais comunista dos comunistas, porque não sectário, porque crente num mínimo de dignidade para todos os seres deste Planeta. Olhar Oscar Niemeyer através das linhas de suas obras é como enxergar o belo dentro da escuridão enigmática que carregamos e muitas vezes temos receio de adentrar. É como ele estivesse falando, “vai lá meu filho, não tenha medo porque existe coisa boa”. Experimentem sair do trânsito caótico de um final de tarde no Centro de Curitiba e passar diante do museu que leva o seu nome, ali no Centro Cívico. Toda a carga negativa que habita os prédios dos três poderes ali ao lado também desaparecem pela simples visão daquele “Olho” que reflete os prédios na frente e as árvores do Bosque do Papa atrás. É como se a cidade desaparecesse numa retina imaginária e nos passasse uma sensação de paz, para agradecermos o estar vivo, o poder trabalhar, a saúde que nos possibilita sentir, enfim, a comprovação da existência de Deus proporcionada exatamente por um ateu convicto. Disse ele, sobre este dia que marca sua chegada entre os homens: “A data não é importante. A idade não é importante. O tempo não é importante. A arquitetura não é importante. O que nós criamos não é importante. Somos muito insignificantes. O que é importante é ser tranqüilo e otimista.” Amém e obrigado, Niemeyer eterno.

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Uma ideia sobre “Amém, Oscar Niemeyer

  1. Pé Vermelho

    Beto: você odeou (de ode, poesia, loa) muitíssimo bem o meu camarada Oscar Niemeyer. O comunismo é uma das coisas que temos em comum (epa, que redundância legal, sô). Mas nós não comemos criancinhas. Eu, por exemplo sou daquela ala do comunismo cujos líderes maiores são Jesus Cristo, Mahatma Ghandi.

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