7:52"É terrível o que pode acontecer"

Do blog do jornalista Josias de Souza, da Folha de São Paulo:

Filiado ao governista PDT, Osmar Dias (PR) deu nesta segunda-feira (10) um passo largo a caminho do bloco de senadores que se dispõem a enterrar a CPMF. Recorrendo a Tim Maia, o senador disse, dirigindo-se a Lula: “Me dê motivo.” Acrescentou: “Quero motivo para votar a favor da CPMF. Preciso ter argumentos. Que, até agora, o governo não me deu”. 

Em privado, Osmar Dias já vinha sinalizando que poderia votar contra a prorrogação do imposto do cheque até 2011. O Planalto fiava-se, porém, no fato de o PDT ter fechado questão a favor do tributo. O senador diz agora, claramente, que pode passar por cima da decisão de sua legenda. Chegou mesmo a encomendar um estudo jurídico sobre as conseqüências que podem advir do seu gesto. 

“É terrível o que pode acontecer”, diz Osmar Dias. “Mas tudo bem. A gente foi eleito para enfrentar.” O senador condiciona o seu voto a uma série de exigências que fez ao governo. Quer demonstrações concretas. “Conversa não dá mais. Eu não estou conseguindo mais acreditar”, afirma. 

O que quer Osmar Dias? Deseja, por exemplo, o compromisso do governo de reduzir os gastos correntes da máquina pública. Em reunião com o líder do PDT, Jeffrerson Peres (AM), o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que aceita podar os dispêndios. Mas Osmar Dias quer mais do que palanfrório.   

“Cadê a proposta? Como vai fazer?”, indaga. “O governo Lula, quando assumiu, tinha como gastos correntes de 15% do PIB. Hoje, está em 20%. Aumento de 1% ao ano. Coincidentemente, ele aumentou em 1% a carga tributária. O governo gasta demais e tem que colocar essa carga nos ombros da população que paga mais impostos. Quem paga a conta é a sociedade.”

Osmar Dias diz que deseja saber também o que foi feito da promessa de apresentar o projeto de reforma tributária até o dia 30 de novembro. “Por que o governo não manda essa reforma tributária [para o Senado]. É tão prometida em campanha e esquecida depois. Por que disse que mandaria até o dia 30 e não mandou nada?” 

O senador exige, de resto, que o governo demonstre, preto no branco, como ficarão as inversões na área da saúde. Algo que, a seu juízo, não foi além da promessa. “Não vamos fingir que dá para votar a CPMF como está. Não dá. Negociar, para alguns é cargo, são algumas verbinhas. Para mim, negociar é, por exemplo, exigir que governo cumpra o mínimo de salvar o Hospital de Clinicas do Paraná. Não tenho como chegar no hospital e falar: votei pela CPMF. Vão me perguntar: ‘Cadê o dinheiro?’ Ah, não veio.” 

“Não estou pedindo nada em benefício pessoal”, diz Osmar Dias. “Peço respeito ao direito da população. Voto se começarem a atender os pedidos que fiz. Nenhum foi atendido. Não converso em sala fechada. Não converso com ninguém do governo se não tiver testemunhas. O que eu coloco, para negociação, posso expor em praça publica”. 

O senador acrescenta: “Que o governo mande alguém para falar comigo até a hora da votação. Se não puder ser o presidente Lula, que ele indique alguém. Se eu não tiver as coisas concretas, não vai dar”. Como se vê, as dificuldades do Planalto não se restringem mais a convencer oposicionistas ou dissidentes. Lula e seus operadores políticos têm, agora, de tentar evitar que o cesto de votos da oposição engorde ainda mais.

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Uma ideia sobre “"É terrível o que pode acontecer"

  1. Frik Van Trutta

    de fato os argumentos pró CPMF são obscuros – Se a sociedade já consentiu com o imposto espião, câmera indiscreta instalada em toda conta bancária, que o tal “instrumento de combate à sonegação” seja mantido com uma alíquota, digamos de 0,01% – o que seria, talvez, razoável. Defender o assalto de mais-de-um-terço-um-por-cento a cada operação – o que ademais resulta em cobrança ‘em cascata’, é assaltar o bolso – e ofender a inteligência do contribuinte…

  2. stella

    Bem faz o Osmar. Aliás, pena que ele não tenha vencido o Doidivanas. Mil vezes Osmar e Sua Fazendona que o Posseiro Maluco do Cangüiri e seu Criame de Peemes. Dos males sempre o menor.

    Em que pesem todas as considerações em favor da CPMF dá nojo ver a tropa do Cachaceiro defender a continuidade do imposto que eles bombardeavam. Essa parte da Herança Maldita eles assumem com satisfação, né? Fora disso atacam com os “500 anos de exploração do povo”.

    Eu não entendo muito de política, nem de assalto a bancos ou qualquer outra conduta criminosa -como diz o Caetano, eu sou apenas uma mulher- mas acredito que a oposição, a oposição mesmo, não aquela oposiçãozinha de pires na mão, deve estar vendo na não-aprovação da CPMF um desastre financeiro capaz de jogar um balde de H2O gelada na fervura do Cachaceiro. E na minha inguinorança penso que os mais atilados não deveriam desperdiçar essa oportunidade de dar essa rasteira no desinfeliz.

    Dizer que a não-aprovação vai trazer desserviço ao bem-estar comum é uma pilhéria. Desde que o Diabo Que o Carregue do Jatene mirabolou essa contribuição compusória, o que, de fato, foi canalizado para o bem-estar comum que não fosse o da cambada de nababos? Um valorzinho qualquer, pífio. Passaríamos sem ele do mesmo jeito que estamos passando com ele.

    E os cartões corporativos do Planalto? E as mordomias da parentela do Cachaceiro? E o batalhão de suborbinados que infestam Brasília como um bando de baratonas cascudas e criadas? É isso aí que a CPMF tem de cobrir, não me venham com estória de educação e saúde pública, essa não cola mais.

    Certo tá o Osmar, pelo bem ou pelo mal. Tomara que não mude de idéia. Se ele for esperto mesmo resiste a qualquer “convencimento” e colhe os frutos mais adelante.

    O que a oposição tem de fazer agora é pé firme, não se deixar levar por promessas furadas e aguardar a implosão do Cachaça. Depois eles restabelecem a CPMF e o diabo aquático, como diz o Silvinho Pereira. Não sou boba.

  3. Edson Fernando

    Já tinha ouvido e lido muitas noticias de que o nobre Senador iria votar a favor da CPMF, estava decpcionado, pois tinha no Senador Osmar Dias um defensor da população que o elegeu, agora vi que o parlamentar tem postura ética e não esconde nada de seus eleitores. Parabéns OSMAR DIAS, o Paraná a muito precisava um político de sua envergadura!!!

  4. stella

    Ai, medeus. Defensor da população. Menas, Edsonzinho, menas. Os home só fazem o que é bom pra eles, não se iluda.

    Ou vai deixar seu sapatinho na janela do quintal?

    Ah, e também não tem mais virgem de 14 anos, tá?

  5. CAMBARÁ

    É Zé Beto
    Voce é a Stella. Nem posta as criticas à pentelha.
    Sejam felizes, ela com a idiotice e voce com a crueldade com seus leitores. Ninguem merece. Fui…

  6. zebeto

    Cambará, eu não sou a Stella. No máximo sou Roberto José da Silva, pois está lá registrado no cartório da Vila Prudente, em São Paulo, e na carteira de identidade. Antes de dormir, eu fecho esta Remington moderna, que é o computador. Daí seu primeiro comentário ter sido postado há pouco, ou seja, quatro da matina de quinta-feira. Esclarecido? Continue lendo. Obrigado. Saúde.

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