Por NELSON PADRELLA
Não te vás, ainda alma minha. Permita
que este corpo ainda se deleite
com o pouco de vida que me resta.
Que fugaz a passagem dos dias e dos anos!
Minha porta fechou para o sorriso dos amantes.
Ficaram lembrares de peles
esticadas e dentes de marfim.
Que quero ainda, alma minha?
Se este corpo fechou como uma porta
e os amantes já não assomam
com suas peles esticadas e seus
dentes de marfim.
Estou sozinho em mim, que me fechei assim
e vivo de lembrar os ontens
onde o fogo da paixão me devorava.
Tenho os retratos. Os rostos tão
queridos, com suas peles esticadas
e seus dentes de marfim
não mais sorrindo para mim
congelados
naqueles ontens de alegria
mas como se ainda fossem para mim
os rostos e os sorrisos
e os dias de marfim
tão esticados
que cansava viver um dia inteiro.
Inteiro nem eu estou. Estou quebrado
pela areia do tempo
A areia que vai enchendo a ânfora
enquanto o ar da vida vai saindo.
Eu quero… eu quero ainda um prêmio
Não um milagre, que desacredito de milagres
– um doce que o menino não ganhou
ou ganhou e se regalou –
Eu quero ainda uma alegria
como aquela que eu voltando de viagem
encontrava meu amor
sorrindo para mim com
a pele esticada
e os dentes de marfim.
Taqueuspariu, Padrella, véio de güerra: matou a pau!!!
Aí sim.
Beleza.
Parabensão mesmo.
Pegou no nervo.
Já cunharam um príncipe dos poetas. Mas isso não quer dizer que seja o único. ‘Eis que se vocês seguirem aquela estrela, encontrareis a casa, em Curitiba, onde mora outro príncipe dos poetas, ao qual chamareis de Padrella. Levais não ouro, nem incenso, nem mirra e sim, dinheiro para comprardes os seus livros e lendo-os, ficareis ricos’. Ô Nelsão, não achas que dou prá evangelista? Dô nada, sô! Sai fora! Não tenho nem gaiola, prá que quero coleirinho (piada do Mazza na Folha, dias idos).
Aí, Pezão! Boas que venham! Tu alegra os meus dias.