Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas.
De Fernando Pessoa no “Livro do Desassossego”
Nossa, Zé
com toda essa sensibilidade explícita quem me deixa no maior desassossego é tu…
Você vai de Fernando, eu vou de Vinícius de Moraes:
Soneto de Aniversário
Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.
Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.
Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.
E eu te direi: amiga minha, esquece…
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.
Não adianta, Candongas. O Zé bombou geral. Atacar de Pessoa é covardia, não tem pra ninguém, muito menos pro Poetinha.