6:12O Karam não se exibia, a gente é que precisava descobrir

A jornalista e publicitária Cila Schulmann enviou a seguinte mensagem como comentário ao texto “Adeus, Manoel Carlos Karam”: 

É, Zé Beto

Mandou muito bem: o Karam não se exibia, a gente é que precisava descobrir.

Ficava ali, naquela velocidade de cruzeiro, vivendo e produzindo sem alarde; como se não houvesse o tempo, as dificuldades, a falta de inspiração, o cliente difícil, o mundo lá fora, o mau humor, o nervosismo.

Era sempre disponível, brilhante, engraçado e supergeneroso.

E este sempre inclui os momentos mais difíceis, claro, porque nos mais fáceis até eu, né?

Homem de verdade, como bem disse você.

Foi assim na linda e longa convivência com a Katia, um amor e uma parceria tão grandes que confesso que desde há muito tempo, quando me sinto meio desanimada, é à imagem deles que quase sempre recorro pra me assegurar de que o amor incondicional existe, de que a humanidade é capaz de compartilhar e de que a felicidade está bem pertinho da gente.

Foi assim também em todas as campanhas que fizemos juntos.

E foram muitas, aqui e lá fora.

Em todas elas ele foi o cara.

Porque entre muitas outras – dar conta do rádio, escrever plano de governo, criar discursos inteligentes, responder aos meus sem número de “o que você acha, Karam?” – era ele quem tinha a mais complicada das tarefas, a de escrever os textos do candidato.

Não era só se adaptar à linguagem e ao jeitão da pessoa, nem só deixar no tempo certo. Era muito mais. Era achar a alma do sujeito. Às vezes até eu já estava desistindo e lá vinha ele com um pedacinho dela nas mãos. Aos poucos ia puxando o restante e daí pra frente era tudo só alegria.

Ele nunca me segredou, mas eu imagino que porque tinha uma alma tão generosa, podia abrir mão de um tantão da sua pra emprestar pra eles no caso de não ter encontrado.

Acho que o vi fazer isso algumas vezes.

Mas como ele não era exibido, nunca vou ter certeza.

A única certeza é que vou ter muitas, muita saudades do amigo querido.

E a você, Zé Beto, agradeço por ter aliviado a nossa dor, traduzindo ele tão bem no seu post de hoje.

Beijão

Cila

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Uma ideia sobre “O Karam não se exibia, a gente é que precisava descobrir

  1. bond

    nunca gostei dele nem ele gostou de mim.
    eu sempre soube que ele era bom,
    ele não sabia nada de mim.
    quando eu dava bom dia
    nunca me repondia.
    vai pro céu bom desafeto
    eu continuo na terra
    levando a vida de inseto

    beijos a todos

  2. Aninha

    Também tive o privilégio de te-lo como amigo e companheiro de trabalho na Assessoria de Imprensa da Prefeitura. Eu adorava o jeitão dele. Era uma mente brilhante. Curitiba ficou mais pobre intelectualmente, jornalisticamente… que pena.
    Karam, foi muito bom te-lo por aqui, mas agora, eu sei que você vai escrever alguns discursos lá por cima, quem sabe para o Luis Eduardo Magalhães?
    Choramos a sua ausência…
    Ana MAria Petruzziello Kohane

  3. Israel

    Foi ruim saber no fim do domingo que ele já tinha ido.

    Não posso dizer que éramos amigos. Entre conversas e piadas no corredor da prefeitura, ficou uma esperança de amizade. Um grande afeto.

    Vai fazer falta.

  4. Sérgio de Cristo

    Tudo que disse aqui a Cila é a mais pura verdade. Ela veio complementar o que o Zé já havia escrito com toda a pureza da sua alma.
    Tive a benção, isto mesmo, a benção de ser companheiro de trabalho do Karan na redação da “extinta” Tv Paranaense Canal 12″. Já nos anos 80, Karan era o mago que fazia companhia à outros gênios das palavras, ditas ou escritas;
    Mas,como também foi dito neste blog, nunca se fez público e muito menos notório.
    Luiz Geraldo Mazza, Kiko Gemael, Carlos Roberto Marassi, Angela Andretta e muitos outros de igual estirpe estavam neste time em que eu era apenas, mas com muita honra, o gandula.

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