A morte mata. É sua função e ela a exerce. Ao contrário da vida. Não existe a expressão “a vida vive”. A morte me apavora. Não só a morte final. Também, e sempre, a morte diária, o resgate, o tento a tento, do tempo que me deram de vida. A hora que passa. O instante que flui. Ah, já falei tanto sobre isso. “Morro mas morre o mundo comigo.” Que compensação! (Millôr Fernandes, em 1958)
No cemitério municipal, aqui em Curitiba, Izel Koheler, mulher maravilhosa que morreu muito cedo, mandou registrar na lápide: “Aqui jaz, muito contra sua vontade, IK”.
Neste dia, vale lembrar a frase de uma amigo de meu pai, lá em Miracema, que pediu aos amigos para, quando ele morresse, que escrevessem em seu túmulo: “muita a contra-gosto, aqui jaz Inácio”. Ele sabia que iria morrer, mas não queria, de jeito algum.
Amigo meu, funcionário do INSS, já tem o seu epitáfio pronto: ‘Dirija-se ao guichê ao lado”. Outro, xerife, mandou escrever: ‘O que vocês estão olhando? Circulando…circulando…