16:26Botto atira em Requião

 Carta enviada pelo procurador Sergio Botto de Lacerda ao governador Roberto Requião no dia 29 de outubro:

Governador Roberto Requião,

Talvez nem devesse estar lhe escrevendo, mas arrisco fazê-lo diante daquilo que são valores caros para mim. Desde ontem assisti, mais uma vez, a tentativa de meu fuzilamento alegórico. São sempre os mesmos que estão a fazer isso há algum tempo, procurando avidamente (loucamente seria melhor) encontrar algo capazde denegrir a minha imagem.
O seu silêncio, lamentavelmente posto mais uma vez para comigo, que já assistia de camarote essa investida, é sintomático.
Será que uma mera oferta de contratação profissional lícita, recusada, seja por que motivo for, é suficiente para por em xeque valores conquistados com esforço pessoal? Será que isso é capaz de se tornar maior e por em risco sério a negociação das ações da Sanepar, até pela quebra da confidencialidade patrocinada por seus ignorantes asseclas?
Hoje pude viver, uma vez mais, o supra-sumo do que é o Governo Requião. Os puxa-sacos, ignorantes que o cercam e que o afundam cada vez mais, têm me combatido com mau esmero.  Saber do silêncio do Roberto Requião, de suas lamúrias e dúvidas sobre a minha pessoa, só me fazem concluir (o que é difícil para mim), que ele nunca acreditou na minha postura de, um dia, a alavanca de seu governo e, como dizem, “o homem forte”. Talvez o Roberto Requião só tenha confiado no Sergio Botto de Lacerda antes dele ingressar no seu governo, enquanto seu advogado nunca remunerado profissionalmente, mas que o ajudou em poucas e boas.
Usou-me o quanto pode, mas nunca ousou ser leal e firme como diz ser em seu governo e em outras relações com os seus subalternos que dele dependem. O supra-sumo foi saber que o glorioso e competente PHX deu entrevista coletiva para comentar a questão. Sobre aquilo que seriam honorários advocatícios (e ele sabe do que se trata, pois é advogado), tratou
como sendo comissão. É, para os espertos, seria uma “comissão” com contrato de honorários escrito e com recusa da comissão, também por escrito.
É de pasmar, num governo em que o próprio governador diz só haver ladrões (li num desses pasquins ontem), alguém receber oferta de comissão por escrito, responder por escrito e ainda recusar a comissão! O cara deve ser louco mesmo! Depois, saber que um deputado chamado Traiano de tal, aos brados e sob o covarde manto de imunidade parlamentar, acusou-me de patrocínio infiel, o que fez diante também do silêncio do líder do governo, o jurisconsulto Romanelli, revelado o grande jurista atual ao defender a ilegitimidade do Estado do Paraná para haver imposto de renda seu por previsão constitucional. De outra parte, felizmente, muitos dos que são agredidos em público pelo governador, por suposta incompetência, por suposta desonestidade, foram capazes de ter uma conduta de Homem ou de Mulher para comigo.
Telefonar-me e dizer que os canalhas não desistem. De minha parte, nada mais espere senhor governador, nem mesmo a nunca existente “amizade”, cujo conceito é de grande relevância, dizem os apedeutas. Nem mesmo piedade. Não permitirei que bajuladores, incompetentes e omissos sejam capazes de me desonrar. Não admitirei nem mesmo que o hoje governador e o ontem e o futuro Roberto Requião façam isso, nem mesmo pelo obsequioso o amedrontado silêncio. Possuo, além de capacidade profissional, origem e caminho percorrido suficientes para me amparar mesmo diante desse desgoverno. Como Homem que sou, capaz de compreender todo o contexto onde se dá essa sordidez de atuação animal, tinha de lhe dizer isso. Pena só que não foi olho nos olhos. Mas, se desejar debater filosofia de vida ou mesmo relacionamento político e social, estarei no endereço conhecido.
Governador: assuma, como responsável pelo que ocorre em seus domínios, a responsabilidade que cabe a cada um, seja pela omissão, seja enérgica atuação em momentos de crise. Nossa reaproximação se deu para mim como um engodo. Com o coração aberto e alertado pelos próximos, arrisquei acreditar na sua capacidade de justiça. Enganei-me ou fui enganado.
As funções que me foram delegadas novamente, no Conselho da Elejor, no Conselho do ParanaPrevidência, ambas assumidas e que fiz honrar o meu nome, estão a sua disposição. A do Conselho da Copel, nunca assumida depois de minha renúncia como é do seu pleno conhecimento, igual e principalmente. Talvez todas sirvam para acomodar os seus apaniguados. Não sou e nunca fui sei lacaio. Tenho a clareza de minha autocrítica e a plena consciência daquilo que é certo e do que é errado. Mas, sinceramente, tenho limites. A sua permissividade e a sua capacidade de não se impressionar diante do que ocorre, me espantam.

Esse o meu desabafo de HOMEM, o qual, pela clareza do livre arbítrio que tenho, tornarei público.
Sergio Botto de Lacerda

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Uma ideia sobre “Botto atira em Requião

  1. Só olhando...

    Maravilhoso!
    Nunca tive proximidade com Botto de Lacerda, a não ser nas modorrentas escolas de governo, mas me senti com a alma lavada através de suas palavras. Quando sai do governo também acreditava que o governador de nada sabia sobre o desmandos dos seus lacaios, no entanto ao fazer a mesma tentativa do nobre Botto, tive meu email respondido por Marisa Vilela, foi aí que percebi que ele (Requião) assiste a tudo rindo muito daqueles que nele acreditam, e sim sabe de tudo sempre, se não faz nada pra mudar sua equipe de incompetentes é porque não quer!

  2. Guilherme L.

    Se depois disso nada acontecer, aí eu tranferio meu título eleitoral para outro estado! Não quero que meu voto acabe nisso!

  3. Indignado

    Zé. Este tal de Botto não merece crédito. E acho que a imprensa perde tempo com ele. Ele menosprezou a imprensa ao referir-se aos jornais como esses pasquins. Pasquim é a mãe!

  4. Causdiquê?

    Estratégia óbvia de se fazer de vítima. Patético. Esse cara precisa sempre dizer que é o paladino da moralidade? pelamordedeus. sai pra lá. Vá pregar em outra terra.
    Aliás, se ele é tão bonzinho assim, causdiquê não revela o conteúdo todo desse pendrive? qq tá escondendo?? Tenho dó não, muito menos dimiração.

  5. Matusalém

    Eu até disporia em meu estoque de um pouco de simpatia a ofertar ao Botto em razão de seu gesto, mas quando lembro de alguns fatos recentes, tais como pedidos de demissão, cartas a jornalistas, declarações, etc e tal, a simpatia-quase-admiração vai para o ralo. Não dá para acreditar que o Botto, um cara inteligente (nisso eu ainda acredito) não soubesse com quem estava lidando. Qualquer pessoa minimamente informada e que tenha apenas tangenciado o mundo político, sabe de quem se trata ou de que matéria é feito o agora inimigo nº 1 do ex-procurador. Assim, mesmo lamentando a má sorte do Botto, só me resta manifestar meu espanto por tudo o que estamos assistindo em nosso Paranazão.

  6. Pé Vermelho

    Ô Indignado: Não sei qual a tua idade. Mas não deve ter vivido nos anos que sucederam ao golpe de 1º de abril de 64, quando O Pasquim era o melhor jornal do Brasil. O dr. de Lacerda, ao invés de diminuir os jornais que acompanharam a sua ‘via crucis’, ou seria ‘via dulcis’ fê-lo enaltecê-los. (PQP – fê-los enaltecê-los é coisa do espírito do Jânio que acaba de despencar aqui no meu terreiro). Zé Beto: Escondo-me, a partir d’agora, sob o pseudônimo acima, pela simples razão de enfileirar-me no exército que luta contra a invasão inglesa ao nosso mavioso, rico e poético vocabulário. Do ex – red foot.

  7. eduardo

    puxa vida…não é tapa com luva de pelica é uma porrada a mike tyson nos bons tempos…dr. requião ainda dá tempo…limpa…para não ser limpado…afinal mesmo por pequena diferença, o sr. é nosso governador…sei que nesse momento o senhor deve estar desconfiado por que a eleição foi apertada, se seus amigo e colegas de governo são assim…não precisa de inimigos…vi em londrina seus “amigos” fazerem de tudo para o senhor ser mau votado…vi gente que aparece puxando seu saco fazerem campanha paralela e boicotar a sua…meu caro governador é seu nome que está em evidência…seus amigos podem correr para miami, SP, mas seu nome, seu governo é que vai pagar…será que estes que o bajulam mesmo quando confrontados por vossa excelêcia se calam, querem seu bem…normalmente o final é triste…daqui a pouco estaremos mais triste vendo nosso combativo governador dobrado por erros de próximos, e não poderá sequer cochichar…”eu não sabia”…de um eleitor seu

  8. Nojodomaça

    Politica é para os fortes…Botto e o Filho do Caron são dá mesma láia,magoados e desprovidos de capacidade…

  9. duarte

    Estou morrendo de peninha do Sérgio Botto, de tão fino trato com jornalistas. Puxa-saco, isso que ele é (ou era)

  10. Tuca

    Alguém, por favor, me auxilie na tradução. Entendi mal ou conduta “de mulher” é um adjetivo colocado no pejorativo? Pelo menos foi que entendi pela ênfase dada ao desafabo “de homem” no último parágrafo.

  11. Arrelia

    Todos que serviram ao Governo Requião, puderam sentir, o punhal cravado nas costas. Cedo ou Tarde, o “General militar” exerce seu poder de destruição. Um rolo compressor, esmaga e aniquila os amigos de outrora. Os inimigos atuais foram seus fieis amigos do passado. O futuro só ao futuro pertence. Hoje foi o Dr. Sergio Botto, que sentiu o amargo veneno das serpentes que ladeiam o Rei. Sem saber o que se passa nos bastidores, Botto foi usado, manipulado, e se não saí a tempo, poderia ter uma amarga e cruel surpresa como muitos servos fieis tiveram do Patrão. Sorte a voce Botto e reze muito para protegê-lo da furia e Ira dos Assessores diretos e insubstituiveis do Governo. Cai todo o Governo, mas permanecem sempre intactos e intocáveis, o Pai e Filho.

  12. Curioso

    Sempre achei engraçada a relação de alguns com seu patrão.

    O Botto trabalha para o governo, em um trabalho de 40 horas, muito bem remunerado. Há controvérsias sobre esse trabalho ser ou não de dedicação exclusiva, mas essa é outra história.

    Num dia de trabalho, uma quarta-feira, Botto, conselheiro da copel, pega um avião e vai a São Paulo, conversar com um sócio da copel, sobre mudanças nessa sociedade.

    A PGE pagou sua passagem? Provavelmente não, mas pagou seu régio salário para que trabalhasse naquela hora.

    Foi como enviado pelo Conselho da Copel? Declarou que não.

    Só me resta acreditar que encontrou o Diretor da empresa francesa por acaso, em um restaurante nos Jardins e casualmente consideraram uma possibilidade de trabalho conjunto.

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