21:28Os deputados e a Syngenta

Sobre a lambança ocorrida na fazenda Syngenta, que resultou na morte de um militante da Via Campesina e de um segurança no confronto ocorrido na tarde de domingo, eis a reação dos deputados na Assembléia Legislativa:

– O líder do governo na Assembléia Legislativa, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), defendeu a responsabilização criminal não só dos seguranças que realizaram o ataque, mas principalmente das pessoas que ordenaram o ato e dão sustentação política a ele. Romanelli qualificou como “barbárie” a ação dos seguranças e afirmou que “eles foram matar por ideologia, como se a terra fosse sagrada, não respeitando a vida”.

–  O líder da bancada,deputado Elton Welter, cobrou nesta segunda-feira,23, apuração exemplar por parte da Secretária Estadual de Segurança e reagiu com indignação ao ataque da milícia da Syngenta que além de matar Mota também deixou seis trabalhadores gravemente feridos. No confronto, também foi morto o segurança Fábio Ferreira de Souza, da empresa NF Segurança “Estamos indignados. A Syngenta não pode dar ordem para mandar matar sem-terra. Invadir a fazenda com armas de grosso calibre para matar os militantes. Essa situação é intolerável”, reagiu Welter

– Em pronunciamento na tarde desta segunda-feira (22) o deputado Élio Rusch (DEM) lamentou as duas mortes que aconteceram na tarde de domingo (21) na fazenda Syngenta, mas ressaltou que essa “foi uma tragédia anunciada”. Nos anos de 2004 e 2005 o parlamentar presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito da reforma agrária. Já em 2006 uma Comissão Especial de Investigação apurou quatro invasões de terra no Paraná, entre elas a da fazenda Syngenta. “Foram quase três anos trabalhando sobre o tema. Alertamos o governo do estado para o perigo iminente envolvendo os movimentos sociais e os proprietários de terra. Era como um barril de pólvora prestes a explodir”, lembrou Rusch.No caso da Syngenta, Rusch ressalta que a fazenda não é utilizada para a produção e quase metade da área é de preservação ambiental. “A fazenda foi invadida com o intuito de impedir as pesquisas com sementes transgênicas no Estado. Lá não há produção, é um campo de experiência”, disse.“Não somos contra a reforma agrária. Mas não podemos nos esquecer do direito à propriedade. O governo não atua na reintegração de posse e os líderes desses movimentos sociais se sentem protegidos pelo governo para cometer essas invasões. Ninguém consegue imaginar o que vai acontecer e me preocupa as conseqüências das atitudes do governador”, concluiu.

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Uma ideia sobre “Os deputados e a Syngenta

  1. Ricadro Jabur

    O deputado Hélio Husch justificou a ação de uma milícia e jogou a culpa no governador.

  2. Carlos

    Não fale besteira.
    Se o governo tivesse cumprido as ordens judicias, teria poupado a vida destas pessoas.
    http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/parana/conteudo.phtml?tl=1&id=706631&tit=OAB-responsabiliza-governo-por-reocupacao-que-terminou-em-mortes
    OAB responsabiliza governo por reocupação que terminou em mortes
    Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), secção Cascavel, responsabilizou o Governo do Paraná pela reocupação da fazenda experimental da multinacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, no Oeste do Paraná, que terminou com a morte de duas pessoas no confronto armado entre segurança e sem-terra. Em nota oficial, a OAB afirmou que o estado está agindo com “fraqueza e falta de vontade”.
    Por telefone, o presidente da OAB no Paraná, Alberto de Paula Machado, se manifestou sobre o caso. “Para a garantia do estado democrático de direito as partes, no caso o MST e o Governo, devem cumprir às ordens do Poder Judiciário. Ou cumpre ou recorre, o que não pode é descumprir a ordem judicial porque se não passamos a viver numa barbárie”, comentou.

  3. José

    Todos devem ser responsabilizados, desde a Empresa NF, passando pela Syngenta, MST e Governo do Estado.

    O que não podemos é continuar brincando com esta situação, há descontrole dos dois lados.

    O MST quer que apareçam cadáveres, o governo é ausente, a insegurança no campo vem de todos os lados.

    Lembrem-se: foram BRASILEIROS que morreram numa luta insana…a quem interessa?

  4. Pharol

    Os da Syngenta (ô nomezinho nojento) são milícia, e os invasores protegidos pela PM da decisão da justiça são o quê?
    Ajude a entender, Zé Beto.

  5. Ricadro Jabur

    Caro amigo Carlos.

    O que você, o deputado Hélio Rusch, o advogado Braga Cortes (aqui, no mínimo irônico) e a Gazeta do Povo estão tentando justificar é o uso da violência sem lei em consequência de um “erro” do Governo. O que essa milícia fez foi se sobrepor ao Estado para defender os interesses de um setor. E isso é crime, sob todos os aspectos.

    Não vou lhe dar exemplos de todas as situações em que a algo semelhante poderia acontecer para parecer mais familiar a você. O que eu posso imaginar é que a sua reação seria, mais uma vez, culpar o governador.

  6. Frik Van Trutta

    Deu na BBC:
    “Monkeys attack Delhi politician
    Monkeys in India
    Delhi has long struggled to cope with marauding monkeys
    The deputy mayor of the Indian capital Delhi has died a day after being attacked by a horde of wild monkeys. ”

    e um link para outro artigo: “Nuisance monkeys could be exported
    By Baldev Chauhan
    BBC correspondent in Simla, Himachal Pradesh

    Officials in the northern Indian state of Himachal Pradesh may have a solution to the problem of an over abundance of monkeys – export them to Central Asia. ”

    A praga (SIC) dos macacos selvagens que atacam políticos na India poderia ser exportada para outros países também…

  7. Arrelia

    É direito fundamental constitucional, a defesa do patrimonio próprio, principalmente, quando o estado, por ideologia politica, não cumpre decisões judiciais para reintegração de posse, dos proprietários que tiveram a “posse turbada ou destituída” pelo Movimento dos Sem Terras ou de quem quer que seja. Quando o estado está ausente, o particular, se sente desamparado e assim, contrata vigilantes para fazer valer seu direito sagrado previsto na constituição federal. É isso, “ESTADO AUSENTE, VIOLENCIA PRESENTE’.

  8. Carlos

    Caro Ricardo Jabur, não é crítica pessoal ao governador, mas, convenhamos, foi uma tragédia anunciada…não querendo entrar no mérito de quem está certo ou errado, mas o que se pode esperar de um Estado que não cumpre as decisões do Poder Judiciário?Ou somente devem ser levadas em consideração as decisões favoráveis?

  9. Tuca

    O que aconteceu lá foi obra de “crime organizado”. Os fazendeiros, putiados com o governo do estado, se armaram (no caso, pagaram pra uns pobres coitados se armarem) até os dentes e decretaram: “aqui não é terra sem lei. Prevalece a lei da propriedade particular e quem manda aqui ‘semo nóis’!” Montaram uma milícia privada, que aliciou um bando de pessoas pobres e disse: “expulsa aquela gentalha de lá e vamos ver quem manda nessa zorra!”. Uma das pessoas pobres que, pra ganhar um troco a mais, foi acatar a ordem patronal era um entregador de pizza, que entrou para o noticiário nacional como “agente de segurança” morto no episódio, assim como o líder sem-terra. Moral da história: aquilo lá é realmente terra de ninguém e, dessa feita, quem leva a pior é justo quem é tido por “ninguém” (o sem-terra e o sem-sustento). Enquanto “ninguém” morrer, os fazendeiros vão continuar se armando e o governo vai continuar fingindo que não vê! Nada mais organizado que isso.

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