23:52Como amendoins

CRÔNICAS DE ALHURES DO SUL

Por Manoel Carlos Karam

Lidas pelo autor na BandNews FM 96,3, Curitiba, às segundas-feiras, entre seis da tarde e sete da noite, e na terça-feira de manhã  – ou a qualquer momento em edição extraordinária.

(15 de outubro de 2007)

      O romance “Mason & Dixon”, de Thomas Pynchon, não conta uma única história.

      Conta muitas.

      Uma delas, a história do amendoim, tem pouco mais de meia dúzia de linhas.

      Eu conto a história.

      Um menino de sete ou oito anos aproxima-se de dois adultos, diz o seguinte:

      Vou mostrar uma coisa que ninguém nunca viu.

      E ninguém jamais verá outra vez.

      Um dos adultos questionou na hora dizendo que não existe tal coisa.

      O garoto apresenta um amendoim na casca.

      Abre e mostra dois amendoins vermelhos lá dentro.

      Eis o que ninguém viu antes, diz o garoto.

      Em seguida ele lança os dois amendoins na boca, devora e diz:

      E ninguém jamais verá.

      Segundo o narrador do romance de Thomas Pynchon, os adultos sentiram-se um par de amendoins.

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