Texto de JamurJr.
“Feiticeiro” foi um apelido que ganhou do jornalista Milton Ivan, na década de setenta. Nesse tempo, o ex-meia-direita do Seleto já era o treinador e responsável por uma série de vitórias importantes. Jogando em casa, o Seleto de Hélio Alves era quase imbatível. Alguns cronistas costumavam afirmar que, para ganhar daquele time no estádio Orlando de Mattos, era preciso ter a colaboração do árbitro – e mesmo assim havia outro problema pela frente. Alguma coisa mais acontecia. E eles a atribuíam ao “feiticeiro” Hélio Alves. Era algo meio mágico e difícil de explicar. Só mesmo com algum tipo de feitiço seria possível uma equipe pobre de grandes talentos futebolísticos conseguir tantos resultados positivos. O sucesso do parnanguara despertou a atenção de dirigentes de clubes de Curitiba. Em pouco tempo subiu a serra para ocupar o cargo de supervisor no Clube Atlético Paranaense. O apelido de Feiticeiro já circulava pela imprensa esportiva e em alguns momentos perturbou sua vida doméstica. Os filhos ouviam histórias na escola e chegavam em casa com muitas perguntas. Hélio Alves, sempre alegre, divertido e gozador, invariavelmente respondia a tudo.
-Pai, por que eles chamam você de feiticeiro?
-Não ligue pra isso, meu filho. Qualquer dia eu transformo eles em sapos e bruxas – dizia entre boas risadas.
Foi um bom jogador de futebol e um dos principais craques do Clube Atlético Seleto de Paranaguá, onde ficou conhecido pela elegância e os passes certinhos que faziam a alegria dos atacantes daquele time. Defendia seu clube com raça e determinação. Não foram poucas às vezes em que “saiu no braço” com adversários mais agressivos e desleais. Hoje aos 8o anos de idade, com o mesmo bom humor, é destaque nas rodas de conversas de sábado na Boca Maldita de Curitiba. Memória privilegiada, conta histórias que provocam grandes gargalhadas na pequena platéia de amigos que o rodeiam. O apelido de “Feiticeiro” já rendeu alguns embaraços e situações hilariantes. Quando parou com suas atividades esportivas, decidiu morar na Praia de Leste. À beira do mar ficou alguns anos. Certa ocasião, numa manhã fria de inverno, recebeu em sua residência uma mulher aflita pedindo ajuda. Com sérios problemas financeiros e desajustes familiares, ela o procurou certa de que um passe de mágica ou uma feitiçaria caiçara iria resolver seus problemas. Hélio Alves ouviu a visitante com atenção e uma vontade danada de dar uma boa gargalhada da situação. Sem perder o bom humor, no entanto, fez uma recomendação.
-Olha, minha senhora, acho melhor voltar depois de dezembro. Os meus “guias” entram em férias na baixa temporada.
Os textos do Jamur são sempre bem vindos.
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