10:22Chinelo de dedo

História paranaense contada por Mané Galo, morador da Ilha do Chapéu:

“Gervásio, um caboclo do litoral, pescador, poucas letras e que ainda acredita em quase tudo, certa ocasião recebeu em sua humilde casinha um candidato a deputado estadual que chegou com largo sorriso, dando abraços, pegando uma criança mijada no colo e dando beijinhos na bochecha de uma velhinha beirando os oitenta anos, com rosto bem enrugado, pele gordurosa, cabelo cheirando fumaça. Coisa de campanha, não? Para conseguir o voto, suportam tudo o que abominam. Pois, bem, passados dois anos, Gervásio decidiu subir a serra e pedir um favor ao candidato eleito. Chegou na porta do legislativo e foi barrado. Lá esté escrito, num comunicado da direção da Casa do Povo, que ” é proibido entrar no recinto calçando chinelo de dedo”. Gervásio voltou para sua casinha, sua família, seus amigos, pessoas que não discriminam ninguém pelo
sapato que usa, pelo pé no chão, pé de chinelo, a roupa ou os enfeites e perfumes que muitas vezes escondem mentiras e falsidades.”

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