14:19Um divã para Lula

Peter Wiziniewski atravessa os Estados Unidos pela Rota 66. Vai de Harley Davidson 1954, preparada pelo grande cartunista Paixão, um homem que é anjo, e vice-versa. Wiziniewski gosta de aventura. Mas nem tanto. Um de seus helicópteros acompanha a viagem. Mas de longe, porque ele, nosso guru, não gosta do barulho do motor do avião de rosca. Peter entrou nessa para homenagear Hunter Thompson, aquele jornalista que morava no deserto e meteu uma bala na cabeça, mas nos deixou, entre outros, “Las Vegas na cabeça”, livro reeditado agora pela Conrad com outro nome. Wiziniewski jura que, numa de suas paradas, viu o espírito do ensandecido repórter. Viu e ouviu. Ele, o espírito, perguntava sobre o presidente Lula. “Mais doidão do que eu”, Thompson resmungou do além. Peter achou que aquilo era um sinal e resolveu botar o bacalhau para fora. Acompanhem:

“A imprensa das “zelite” se debruça todo dia para analisar, avaliar, detalhar, compreender e atacar o que o nosso Grande Guia e Condutor Luiz Inácio comete quando não está voando. O homem fala o que o público presente deseja ouvir. Se forem desvalidos, lá vem ele com seu passado de Garanhuns; se há operário, lá vem os meses em que foi torneiro-mecânico; se tem Sarkozy, Bush e assemelhados, vira o salvador do planeta com os biocombustíveis. E dá-lhe “nunca antes na  história deste país”. Ninguém, porém, entendeu a penúltima dele com sua interpretação de “choque de gestão”, na sua versão escancarada de continuar e aumentar a criar tetas no serviço público aos companheiros estrelados e da dita “base aliada”. Olhem em seus contracheques e holeriths e os 27% de desconto de Imposto de Renda na fonte,  e verifiquem de onde sai o “choque de gestão”, sem falar em CPMF, que é pra não bater na cara metade. A questão deste senhor é psicanalítica. Qualquer economista ortodoxo, islâmico ou adepto de Keynes ou Delfim Neto resume a administração pública numa analogia com o orçamento doméstico: planeja-se, gasta-se o que se tem menos uma poupança quando o calo e o bolso apertarem. Lula não fez isso em Garanhuns, porque não tinha o que administrar; fez isso com D. Marisa (antes do botox)  quando era torneiro ou pegava os caraminguás do Sindicato; mas mudou ao chegar à presidência. As benesses e as mordomias, pagas por nós, empanaram sua memória dos tempos magros. Fala do seu passado para agradar o bando de trouxas que o ouvem. Não fala em economizar – seu negócio é gastar. Não fala em emprego, reproduz a miséria com o bolsa-família. Arrota democracia e barganha as tetas públicas com nosso dinheiro para garantir apoio de deputa dos e senadores “aliados”. Nós vamos pagar a congestão previsível. A não ser que ele deite num divã e receba um verdadeiro “choque de gestão”.”

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.