0:45Terrorismo de guia

Ao retornar de um período de meditação percorrendo a pé o trajeto da estrada de ferro Transiberiana, nosso correspondente em São Luis do Purunã teve uma idéia, deixou o pangaré no pasto e correu para escrever e enviar o seguinte, via telégrafo: “Lendo recente biografia de Stalin, descobri que o guia genial dos povos socialistas tem uma grande semelhança com o nosso governador-guia das araucárias, especialmente no humor do tipo terrorista que se manifesta nas tiradas contra assessores e correligionários. Sempre que via um determinado auxiliar – hoje deputado estadual pelo PMDB -, Requião tascava, na frente de todo mundo: “Fulano, você vai preso, logo logo. Coloquei você no governo pra retardar a prisão, mas não tem escapatória. É questão de dias”. Um segundo auxiliar – agora fora do governo – era brindado com esta pérola: “Fulano, você está demitido. Fiquei sabendo de certas coisas que você anda aprontando. Você tá fora do governo”. Num e noutro caso, a “brincadeira” era recebida com risos amarelos, meio forçados, mais pra agradar o chefe que qualquer outra coisa. Mas o constrangimento era evidente. Esse humor negro repete o que dizia Stalin a seus comparsas. “Você ainda não foi preso?”, ele costumava perguntar a um infeliz general que tivera ativa participação na II Guerra. “Você ainda não foi fuzilado? Pensei que o Béria já tivesse tomado as providências”, dizia a outro ansioso auxiliar. Sabia-se que a brincadeira poderia virar realidade já no dia seguinte. Há similaridade entre um e outro. No autoritarismo e na arrogância, os dois “guias” se igualam, para terror dos auxiliares de Requião – os de Stálin, na grande maioria, foram fuzilados. Os mais sortudos foram mandados para a Sibéria e alguns poucos sobreviveram.”

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