Era mais uma festa, mas nosso repórter especial para inaugurações foi lá, viu, ouviu, perguntou e relatou o seguinte: “Ontem teve festa no Setcepar (Sindicato das Empresas de Transportes do Paraná): inauguração de novas instalações na sede própria, em Curitiba, após ampla reforma. Cerca de 200 pessoas estavam no evento. Virou palco político. Como se sabe, pela primeira vez na história de 64 anos do Setcepar, a eleição de outubro vai ter bate-chapa. O empresário Markenson Marques, dono da Cargolift e atual segundo vice-presidente do Sindicato, está montando chapa de oposição para disputar as eleições em oposição ao atual presidente, Fernando Klein Nunes, que vai concorrer à reeleição.

Markenson Marques tem dito, em golpe baixo, que Klein Nunes é ligado ao PMDB e ao governo Requião, e não aos empresários do setor. Isso porque o Setcepar tem sido firme na posição crítica aos pedágios. E Requião, como se sabe, é
contra os pedágios.

Mas no caso do Setcepar não se trata, como diz Klein Nunes, de questão ideológica, e sim econômica, pois as tarifas prejudicam, e muito, o setor dos transportes, elevando custos. O Setcepar tem mostrado que os brasileiros já pagam uma taxa específica – a CIDE, criada em 2001, que está embutida nos combustíveis, e que foi implantada para servir especificamente para a conservação e melhoria das estradas. A CIDE vem sendo sistematicamente desviada pelo governo federal, enquanto os brasileiros são obrigados a pagar pedágio – o que configura bitributação.

Nesse ponto da crítica aos pedágios, efetivamente, Setcepar e governo se alinham. Mas por motivos diferentes. E visões diferentes: enquanto Requião quer simplesmente acabar com os pedágios – e não consegue – o Setcepar quer que a CIDE seja aplicada corretamente, ou então, que acabe; quer que a composição das tarifas de pedágio seja clara e transparente, e a aplicação dos recursos arrecadados no pedágio, também.

Prova de que Fernando Klein Nunes não está “ligado ao PMDB” foi a ampla gama de presenças prestigiando o evento de ontem. Estavam lá os deputados federais Gustavo Fruet, do PSDB, e Chico da Princesa, do PR; e também o vereador Serginho do Posto, do PPS. Todos admiradores do trabalho de Klein Nunes e parceiros do Setcepar há tempos, apoiando suas propostas e reivindicações pelo setor.

Também estavam o presidente da Faciap, Ardisson Akel, líderes e representantes de outros sindicatos ligados ao setor de transportes – tanto patronais quanto de empregados – e quatro secretários estaduais: Rasca Rodrigues, do Meio Ambiente; Virgílio Moreira, da Indústria e Comércio; Júlio César de Souza Araújo Filho, de Obras Públicas, e Rogério Tizzot, dos
Transportes.

Mas foi mesmo Gustavo Fruet quem mais se destacou. Ao falar para o público presente, de improviso, ele foi bastante contundente nas críticas à má gestão do governo federal e à falta de investimentos na infra-estrutura do país – situação que o PAC “tenta amenizar”. Fruet lembrou que admira o Setcepar porque a entidade, em seus 64 anos de existência, tem uma história de “diálogo com todas as lideranças partidárias e forças políticas, sempre se mantendo apartidário, sabendo criticar e se posicionar nos momentos certos, e levantando bandeiras legítimas do setor”.