8:33Karam e o Quixote de Menard

CRÔNICAS DE ALHURES DO SUL

Por Manoel Carlos Karam

 Lidas pelo autor na BandNews FM 96,3 às segundas-feiras, entre seis da tarde e sete da noite, e na terça-feira de manhã  – ou a qualquer momento em edição extraordinária.

(13 de agosto de 2007)

      O jornal Rascunho me encomendou algumas linhas sobre um livro cuja leitura eu recomendo.

      Escrevi o seguinte:

      O Quixote de Menard.

      Páginas que coincidem – palavra por palavra e linha por linha – com as de Miguel de Cervantes,

      Mas Pierre Menard não quis compor outro Quixote – o que é fácil – mas o Quixote.

      É uma revelação cotejar o “Dom Quixote” de Menard com o de Cervantes.

      Este escreveu:

      …a verdade, cuja mãe é a história, êmula do tempo, depósito das ações, testemunha do passado, exemplo e aviso do presente, advertência do futuro.

      Menard, em compensação, escreve:

      …a verdade, cuja mãe é a história, êmula do tempo, depósito das ações, testemunha do passado, exemplo e aviso do presente, advertência do futuro.

      Como disse Borges, “o Quixote de Menard é mais sutil que o de Cervantes”.

      Menard dedicou seus escrúpulos e vigílias a repetir num idioma alheio um livro preexistente.

      Multiplicou os apontamentos, corrigiu tenazmente e rasgou milhares de páginas manuscritas.

      Ele conseguiu ser no século 20 um romancista popular do século 17.

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Uma ideia sobre “Karam e o Quixote de Menard

  1. Kadu

    Zé, falando em site, tá faltando um contato direto com vc ( FALE COM O ZB). para ficarmos te perturbando…

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