12:12PARA NUNCA ESQUECER GUINGA

Guinga

Guinga ginga como brasileiro e, por isso mesmo, pouca gente o conhece. Ele é maracatu, valsinha, bossa nova, baião, Aldir Blanc e Paulo Cesar Pinheiro. Seu violão fez levitar o consultório dentário, mas ele saiu pela janela para contrariar até a deusa Elis que o desaconselhou abrir a boca. Ele canta e, às vezes, chora, como certa vez no palco do Canal da Música. O coração engasgou em Catavento, Girassol – e quem não? Numa escalação da MPB ele ficaria de fora porque Pelé e Garrincha na da bola são covardia na comparação. Ele é carioca, a mãe mora aqui, e tome polca, maxixe, samba, saravá meu pai! A música de Guinga só é Hermética quando ele faz homenagem ao bruxo alagoano. Ouvi-lo obriga a fechar os olhos para saber se o coração e a alma estão cumprindo as verdadeiras funções. Ele entra no mistério, nos quintais, vê a senhorinha lá na porta e sonha, voa sob as bandeirinhas de Volpi, se transforma nas mãos e no ritmo da voz e do pandeiro do Jackson, dá um bico no lixo importado e divulgado nas FMs – e olha tudo com a serenidade daqueles que são escolhidos pelo deus brasileiro da música. Amém.

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